Será?

_Não. Ele fala de forma que não ofenda ninguém. Eu não quero mais isso. Essa frase ele agora sai com um pouco mais de força na voz. Nesse momento seu pai, um homem preconceituoso e duvidoso referente à vida do filho passa pelo corredor. Ao ouvir a última frase fica a espreita, ouvindo a conversa pela porta entreaberta. Após um breve silêncio ele volta a falar. Presta atenção João Carlos, mudei de idéia, não quero mais fazer isso! Entendeu?

Ao ouvir isso, na sua mente, começam a fervilhar idéias absurdas. Entre elas a de que o filho estava terminando um caso e o seu “amigo” não estava aceitando. Tinha agora a certeza de que, como sempre desconfiou, seu filho era mais um desses viadinhos que envergonhava os machos de verdade. Então decide entrar no quarto e acabar com aquela estória.

_Vamos parar com essa viadagem? Ele entra no quarto já vociferando e prestes a surrá-lo. Que isso pai?! Por que entrou no meu quarto dessa maneira? Pára de frescura, que quem faz pergunta aqui sou eu. Quem é o seu namoradinho? Namorado?! Que isso... Nem chega a terminar a frase e já leva um soco do pai. Eu avisei. Não tenho filho viado! E começa a esmurrar o filho. Pai – ele consegue falar enquanto se defende dos chutes e socos do pai – eu só estava tentando cancelar uma compra feita pelo telefone.