A PADARIA DOS AMIGOS ChicoDeGois E Jadel (recantistas se encontrarão por aqui)

 

Ficava tão pertinho da Estação Ferroviária das Luzes, que a maioria dos passageiros ao saltar naquela localidade, sentindo o cheirinho bom de pão saindo do forno, não resistia e entrava na padaria do ChicoDeGois.

 

Chico e o seu amigo Jadel, concretizaram um sonho de infância e, abriram a Padoca & Confeitos, com o cheirinho de memórias de vovós, receitas de pães e doces deliciosos que ficaram eternizados em seus corações. O desejo pelo tipo de comércio era solidário, todos os dias uma fornada de pães e biscoitos era doada para a população mais carente. Ao lado da estação, eles mantinham um pequeno espaço, um galpãozinho onde a doação diária era distribuída através de senhas pré cadastradas. 

 

A coisa cresceu de tal forma, que os portugueses donos do Armazém dos Clarins, Dom Estevão, Luiza Zacharias e CasMil, enviavam diariamente para o galpão, ovos cozidos, sal e leite, para doação.

 

Sonya e a prima Luna tinham o pequenino Bistrô das Letras e, embarcando na viagem do Bem, capitaneada pelos padeiros, entregavam no galpão manteiga e café. As amigas costureiras Maripenna e Lilian Poema, eram autônomas, mas, a rede solidária logo as fez participar, como financeiramente ficava difícil, doavam ao galpão três horas de suas manhãs, para servir a frugal alimentação aos necessitados.

 

Os Srs. Elie e Olavo, tinham um casa de móveis, vendo que a cidade se movimentava, fazendo a ação solidária e, não querendo ficar de fora, passaram a participar enviando um balcão de madeira, um fogão de quatro bocas com botijão de gás, um panelão, um bule grandão, café e filtros de papel.

 

Chico e Jadel nem acreditavam, no quanto o pequeno gesto deles estava crescendo. Logo os moradores colaboravam de várias maneiras, entregando cadeiras e bancos brancos de plástico, copos e colheres descartáveis, açúcar, colher de pau. Bem gerando Bem, gentileza que multiplicava. 

 

Para somar, o Hortifruti Alma Orgânica, das meninas Juli, Lumah, Nádia e Nachtigall, enviava todos os dias, uma caixa de frutas da estação, tornando o café da manhã no galpão, um evento essencial para as pessoas mais carentes do lugar. Quem podia ajudava no preparar, servir e limpar, fazendo tudo funcionar com amor e serenidade.

 

O Miguel da quitanda abastecia a ação matutina com água mineral e, o seu primo Fábio, instalou um tanque e uma pia no galpão, sendo ajudado por Roberto da oficina mecânica, na instalação hidráulica para tal.

 

O Pastores Charles e Jorge, o Padres Jacó e  e Freirinha Esther, sempre passavam por lá para deixar palavras confortadoras e, ouvir as palavras aflitas, bem como várias outras pessoas de religiões diferentes, harmoniosamente abençoavam os carentes de apoio, atenção e amor. 

 

Todo esse movimento, acabou por tocar o coração das gentes que entravam e saíam dos trens. Parecia que a energia nova que vibrava na cidade serrana, cutucava os seus corações. Passavam pelos comércios e deixavam no galpão, cobertores, agasalhos, brinquedos e livros. 

 

Verdana e os amigos, Edimilson e José Martins, tinham uma floricultura e, doavam latas de achocolatado, o que provocava sorrisos no rosto das crianças.

 

As Professoras, Dona Rosa e Roberta e, o Cordelista Pedrão, levavam em manhãs revezadas, as suas cadeiras de armar e contavam histórias, declamavam poesias e Pedrão apresentava os seus cordéis. Cada gota de atenção, que as pessoas necessitadas recebiam, pelo menos por uma manhã, fazia uma enorme diferença.

 

Fato comprovado e, sem uma intenção pré concebida, era que a Cidade dos Trilhos Fartos, crescia paulatinamente. O Bem movimentava o comércio, através do ir e vir das gentes na ferrovia. O boca a boca dos moradores e passageiros, atraia mais pessoas, que buscavam moradia em locais mais prazerosos e tranquilos. A grande família advinda dos dormentes da Estação Ferroviária das Luzes, acolhia a todos. 

 

O galpão da Padoca & Confeitos, em três anos virou um ponto de alimentação matutino, para os carentes. A Prefeitura da Cidade dos Trilhos Fartos, isentou o galpão de impostos, bem como fizeram, as concessionárias de luz e água. 

 

Os mais novos moradores da cidade, Dona Norma, Solano, Barrett, Aila, Joel, Silvanio, Lia, Jô, Belle, Luiz e Fernanda, eram uma grande família de médicos, irmãos e primos que inauguraram a primeira clínica médica, oftalmológica e dentária particular do lugar, logo entrando na ação solidária, atendendo gratuitamente uma vez por semana, às crianças carentes pré cadastradas, até os quatorze anos de idade. Eles apostavam no crescimento real da cidade e, já que tinham uma vida financeira mais confortável, podiam oferecer os seus préstimos de alma liberta. Sempre que possível, também enviavam descartáveis e queijo, para a ação no galpão.

 

A pracinha aos Domingos, até virou um ponto de encontro de alegria, porque os atores Roselves, Rosa, as Lúcias e Dilson, aproveitavam as apresentações do Trovador das Alterosas, no coreto e, vestidos de palhaços e bichinhos entretinham a criançada.

 

O Seu Alsilgus sorveteiro e poeta, criou um sorvetinho de suco de fruta, que pra ele saía baratinho e, dava para as crianças que não podiam pagar. O pipoqueiro Cristian tinha uma vida difícil, mas, ainda assim, enchia uma bacia plástica com pipoca e dava para os pequenos carentes, durante a apresentação dos palhaços.

 

Patrícia, Iolanda e Lucas, contavam histórias nos banquinhos da praça e, vendiam os seus próprios livros aos interessados.

 

Dona Ieda, era uma senhorinha de posses já viúva e, com a ajuda de sua irmã Yeyé e dos seus fiéis escudeiros do lar, Leandro e Laurita, aos Domingos, levava cachorrinhos quentes com molho de tomate, bem embrulhadinhos para os carentes e para os artistas, além de comprar no food truck, refrigerantes pra todo mundo que estivesse na pracinha do coreto. Ela se sentia muito bem com isso e, como o Bem só se fortalecia por lá, os donos do food truck Moacir e Augusta que ganhavam com isso, lhe davam um ótimo desconto, bem como passaram a oferecer descontos aos Sábados, para todo mundo.

 

As pessoas atendidas no galpão recebiam apoio nutricional, cultural, espiritual e emocional. Algumas dessas pessoas foram entrevistadas na Gazeta Diária do jornalista Carqueija e na Rádio local dos Antônios Albuquerque e Souza. As palavras, saídas diretamente do coração deles, agradeciam pelo alimento recebido para o corpo e para a alma.

 

O movimento dos pãeszinhos e biscoitinhos, dos amigos ChicoDeGois e Jadel, encorpou para pão com manteiga e queijo, biscoito, café com leite, ovo cozido, fruta, achocolatado para as crianças, agasalho, cuidado para o físico, além de alimento pra alma, atenção e cultura.

 

Nunca um pão doce, um brigadeiro de colher, um queijinho, um café agregou tanto valor, a união faz a força, uma frase sábia, que não serve só para exemplificar a gerência d'um formigueiro, era maior do que isso, podemos chamar de caridade...humanidade. Todos ganhavam e felizes partilhavam.

 

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 07/09/2023
Reeditado em 09/09/2023
Código do texto: T7880141
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