Um domingo qualquer na praia da Costa

O “Conto” a seguir se baseia num fato real e aconteceu em um fim de semana do mês de agosto de 2023, mas, por puro constrangimento ou vergonha alheia, resolvo fazer o registro como se fosse ficção.

O sol brilha intensamente já nas primeiras horas do dia, nenhuma nuvem; nenhum sinal de chuva. Nosso personagem se deixa envolver com a leve brisa que vem do Leste, mas que parece vir de todos os cantos do céu. Aspira o ar num movimento prazeroso e revigorante para o corpo e alma. A noite foi boa, bem dormida e embalada por sonhos bons. Está ansioso por sentir e vivenciar o ambiente que lhe rodeia, o ar puro, os coqueiros e o mar que está logo ali, basta uma caminhada de 500 metros e a sua ansiedade será tranquilizada pelo espetáculo da natureza.

Verifica a tábua de maré e constata que está do jeito que gosta, baixinha, baixinha, com poucas ondas e a espaçosa faixa de areia inigualável da Praia da Costa, Barra dos Coqueiros, Sergipe. Prepara o corpo e a mente para uma caminhada gostosa já sentindo a areia e a água fria massageando os pés para logo mais levitar com a incrível visão do mar sem fim, com o vai e vem sossegado das ondas e com o sol iluminando seu corpo suado e em paz.

Ao ter acesso à praia, impacta com a visão de carrões circulando pela praia como se estivessem numa rodovia. Olha para os lados e vê crianças tentando interagir com a areia e a água do mar em brincadeiras lúdicas. Se indigna, gesticula irritado, mas os carros não param e vêm aos montes, na velocidade do vento, com seus motoristas robôs em êxtase por substituir a harmonia do ecossistema pelo ronco dos seus motores e pela explosão da sua estupidez.

A expectativa de sossego e tranquilidade se esvai e a natureza como que se encolhe deixando de exalar sua paz intrínseca. Por cada carro que passa, sua mente revoltada e perplexa deseja engrenar marcha à ré, mas, em solidariedade à paisagem violada na sua integridade e perfeição, engata uma marcha de força e se prepara para fotografar e denunciar a insensatez de pessoas que acreditam estar o dinheiro acima da lei e do bom senso.