O BUQUÊ ASSOMBRADO

Era como um dia qualquer, só que não, era aniversário da patroa e o Ramiro estava duro, não tinha um tostão para comprar um presente para ela. De manhã deu os parabéns e a mulher ficou esperando o presente, ele se fez de desentendido e saiu para o trabalho. Foi pensando em como resolver aquela questão delicada, sabia que se não chegasse em casa a noite com um presente a coisa ia ficar feia. Mas estava liso, só tinha o cartão do vale transporte, o último centavo ele gastou ontem tomando uma com os amigos, e o pagamento demoraria mais uns dez dias para sair, e com desconto, porque nesse mês ele pegou um vale para "segurar as pontas em casa", mentira, foi para pagar a parte que lhe cabia no churrasco da turma do boteco, que foi caro, mas foi ótimo. Não seria possível pegar outro vale.

Em meio a tantas atribuições o dia passou rapidamente e de repente, seis horas da tarde, fim do expediente, daí veio a terrível lembrança do presente. Ramiro começou a procurar uma boa desculpa para não dar nada, sabia que não ia colar. Resolveu, então, que não iria de mãos abanando para casa e seguiu para o cemitério... Ao chegar em casa entregou um buquê com flores lindas para a patroa, que adorou a surpresa, encheu o marido de beijos e abraços, alívio... Ao colocar as rosas na jarra parece que baixou um santo bravo na mulher, ela, furiosa, deu muita bolacha no pobre. Ele sem entender nada, sentou no sofá, assustado com aquela atitude da mulher, que foi para o quarto e trancou a porta, Ramiro sentiu que ia dormir ali mesmo. Quando se recompôs, foi verificar o buquê e viu um cartãozinho perto dele, que, despercebido, estava escondido no meio das flores surrupiadas de um túmulo qualquer, nele estava escrito: "Ana, saudade. Para sempre te amarei. Assinado: "R"". A patroa se chama Olga...

Celso Ciampi
Enviado por Celso Ciampi em 21/09/2023
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