Não

Eu estava do outro lado da rua, na esquina, quase no fim da rua, quando a vi sair do hotel, ela nunca tinha comentado nada sobre nenhum hotel, até onde eu sabia, nada no trabalho dela é relacionado a isso, continuei olhando meio escondido por detrás de um poste, tentei me esconder o máximo, não queria que ela me visse, ela ficou de pé na beira da calçada, creio que esperava um carro vir buscar ela, nesse meio tempo, vi diversas pessoas sair do hotel, diversos homens, comecei a pensar coisas, comecei a pensar se o que eu estava pensando fazia sentido.

Será que ela estava com algum deles, com mais de um, será que era um colega de trabalho, algum cliente da empresa que se interessou por ela, olhava os detalhes, quem saísse arrumando a gravata, até mesmo o cinto das calças, quem daria um olhar de canto de olho pra ela, pensado que seria normal, ela é bonita. O carro chega, um homem sai do hotel, ela olha em volta, o homem se aproxima, olha em volta, eles dão um beijo e entram juntos no carro; o carro vem em minha direção, como por um instinto, ao chegar na esquina, ela olha pela janela e me vê, no mesmo instante, uma caminhonete atravessa o sinal vermelho e acerta em cheio o carro em que eles estavam.

Talvez com o mesmo instinto, corro em direção ao carro, todos parecem mortos, me aproximo o máximo que consigo, um transeunte chega ao meu lado e pergunta se eu sabia quem eram, e eu enquanto tiro a aliança do dedo disfarçadamente digo, “Não.”

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 27/09/2023
Código do texto: T7895604
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