O batismo no Jordão

O homem sentou ao lado de Judas Iscariotes que nasceu em Kerioth, na região da Judeia. Segundo o Novo Testamento, Judas foi o único dos apóstolos que não nasceu na Galileia. Filho de Simão foi um dos primeiros a juntar-se a Jesus Cristo. Por ser o mais instruído tornou-se o tesoureiro dos Apóstolos e foi designado para cuidar do dinheiro do grupo. Quando a multidão se aproximava do Jordão ela buscava o batismo anunciado por João Batista e naquele dia estavam ali pelo Messias, Judas parecia atento, seus olhos não saiam do homem magro, de vestimentas simples que batizava as pessoas, um outro homem se aproximou e perguntou:

-Quem é aquele?

-Não sabe?

-Dizem que é mais um dos messias?

Judas sabia quem era, o libertador do seu povo, um zelote, alguém para livrar os hebreus do domínio cruel dos romanos.

-Jesus de Nazaré.

E quando João Batista estava batizando as pessoas no rio Jordão, Jesus Cristo apareceu e foi falar com ele. Jesus pediu que João o batizasse. João sabia que Jesus sempre tinha obedecido aos mandamentos de Deus e não precisava se arrepender. Por isso João achava que Jesus não precisava ser batizado.

Judas não conseguia, ficou atento as palavras de Jesus:

-É hora de renovar João, eu nasci para uma missão, então cumpra a sua - disse Jesus a João que naquele momento estava ajoelhado diante Dele, então levantou-se e batizou Jesus de Nazaré.

-Seu pai não vai intervir sobre Barrabás – perguntou o Homem para Judas, sobre o criminoso que era muito provavelmente integrante do partido judeu que lutava contra a dominação romana denominado zelote.

Judas fez uma negativa com a cabeça, e completou:

-Esquece Barrabás, nosso homem está bem ali – apontou para o rio Jordão bem na direção de Jesus de Nazaré.

-Ele parece fraco – disse o Homem.

-O olhar dele toca as pessoas, pode acreditar, com as armas que temos e a força política desse homem, seremos livres, ser o filho de Deus ou não, isso não importa, o que realmente importa é se ele é nosso libertador.

O homem, que parecia conhecer Judas mais do que Judas o conhecia disse:

-Teu pai sabe que está aqui? Atrás de mais um messias?

Judas sorriu.

-Meu pai está mais preocupado com os lucros da venda do seu precioso vinho, a questão não é se ele é o messias, a questão é - Judas apontou a multidão – nenhum homem reuniu tanta gente.

Um outro homem mais velho se aproximou da dupla, tinha passos lentos, Judas o abraçou.

-Como está Matheus, está cheio de alegria?

-Bem, olhe para essa multidão – Matheus, que era publicano, ou coletor de impostos, antes de sua vida mudar para sempre quando atendeu ao convite de Jesus Cristo para segui-lo, apontou para a multidão – muitos achavam que João Batista era o messias, porém foi ele que disse, que virá outro que não seria digno de amarrar as sandálias.

-Jesus de Nazaré é o nosso salvador, ele vai liderar junto com os zelotes a nossa gente – disse Judas sorrindo.

Matheus balançou a cabeça, seus dedos doíam, duros de artrite de tanto escrever recibos, ele, na sabedoria que a idade lhe dava disse:

-O poder de Deus que vem através do messias é pela palavra, as ações e a paz, este homem não pegará em armas meu caro Judas.

Judas ficou sério e resmungou um: ‘VEREMOS’.

O homem que estava junto se despediu e saiu, foi andando em direção ao grupo maior que se aglomerava perto de Jesus, ele não estava tão certo de que aquele era o messias.

A multidão foi aumentando e uma mão tocou o braço do homem, era Jesus, então ele sentiu a verdade.

-Venha Tiago, venha ser pescador de homens – disse Jesus.

Jesus ergueu a sua mão direita acima da multidão e todos ficaram em silêncio, depois ele falou:

-Porque esta água significa renovação, significa perdão, o perdão será a lei para quem estiver nessa caminhada, sem perdoar o seu irmão não será perdoado, pois aqui deixarei dois mandamentos, amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo.

As ideias dos primeiros cristãos assustavam Roma porque eles não concordavam com a adoração ao imperador como deus vivo e pregavam igualdade entre os homens. Dessa forma, no decorrer dos séculos, essa religião de apelo popular foi conseguindo cada vez mais adeptos, porém o cristianismo tornou-se uma religião importante no mundo pois a sua base moral é o perdão.