Ali, naquele lugar...

Foi ali mesmo, do outro lado da esquina, onde os mais velhos gostam de ficar e passar o dia conversando tranquilamente. Às vezes falando sobre jogos, outras vezes sobre a vida alheia. Eu costumava ficar lá brincando, sujando as roupas de terra e subindo em uma árvore que estava por perto. Todos os sonhos que eu tinha na infância, os desejos e os sonhos que só as crianças têm, ficaram cravados ali. Uma humildade e inocência. "Menino, se mais tarde você estiver tossindo, não venha pro meu lado, entendeu!?", repetia minha mãe, fazendo ameaças. Mas essas ameaças não adiantavam nada. Porque eu, do meu jeito teimoso de menino, continuava mexendo nas areias e subindo nas árvores. Esses dias, passei pelo local que ficava atrás da esquina, mas nada restava. Onde ficava a árvore que eu tanto gostava de subir, agora jazia uma casa, de portões altos e pretos, com uma janela em cada lado. O que sobrou? Nada. Apenas memória.