Quês de Tainara e uns nós de mim

-oi, tainara, tu se adota, tainara? Oi, eu fico testando, testando teu nome na boca então eu caio. Oi, oi, não pode. Eu lembro, se de você não pode, sei ou não, saberemos; lembro mesmo do susto que foi te ver morando em frente minha casa, pasmagórico e o fundo questionamento de se existe coincidência? Visto que o magistério do ser é dito pela confusão indubitável do ser de se não querer nunca ou inevitavelmente se encaixar nas próprias partituras, sempre começo sem saber, sem nunca ao menos. Eu sigo como o quê do som, que vai vai e se rompe para, e o desejo que não é permitido e sofre-se de raiva de pedido negado e num instante aquele que nega permite e existe o alívio do desejo e vive-se agora uma outra coisa, não se senta tanta falta assim do desejo já realizado, o problema é tentar a desatenção e não sentir até o fim o que se é proposto. Meu Deus…sim não percorremos nenhum -os caminhos. Outra vez nascer e não se tem certeza apenas fé, pois uns veem os espíritos e outros não, tudo só aparece para os que acreditam em tudo e eu não acreditei em nada e o nada nem mesmo o nada me apareceu, seria então que ele havia se mostrada em sua ausência, e pode vir todas as bobagens dessa ausência preenchida. Digo que não a sinto, mesmo sentindo, pois mesmo não saberia dizer se ela esteve mesmo aqui ou não, ou mesmo se eu estive. Mas se experiencio eu sinto e ausência existe no agora mesmo. Não faremos tantas perguntas, não há nenhum ficticio a se criar hoje e aqui, aqui se cria neste mesmo momento, seja incapacidade ou não, de que adianta agora aqui mesmo, tudo mudaria, morreria, viveria, e eu só eu, e todo o desejo ausente que me habita é o refreio e exclusão das bordas limítrofes de mim e de tudo, queria tão paraliticamente experienciar tudo de uma vez-voz falante, e então e então, saberia o que é morte em vida? Toma-se muito cuidado ao dizer um desejo que pode mesmo se realizar, então engane-se colocando-o como uma pergunta, como se fosse uma dúvida porque ela mesma se tornou em si o talvez talvez e será será que é que eu desejo isso mesmo e então uma pontada de medo de que aconteça e toma-se como não, não de todo o coração, e sem essa certeza nuclear, melhor por subjulgá-lo em interrogação.

-oi, tainara, tu se adota, tainara? Oi, eu fico testando, testando teu nome na boca então eu caio. Oi, oi, não pode. E rapidamente uma dispersão lógica pois quando não se sabe a resposta de algo e se é muito incapaz de encontrá-la por si mesma se se camufla com a pretensão de que a resposta não importa ou nunca foi querida, e se tu tivesse uma cor, seria chato que fosse tão vermelho ou roxo morto dos batons baratos que você encontrava na estante da sua avó meio perua velha feitiçeira que nunca perde a sede de existir e do riso torto e fácil. E tu agora com três filhos e um marido e eu me pergunto se tu abraça ou é abraçada e eu já começo a entrar no concessivo dos sentimentos jamais pretendidos pretendidos de quê e sabe-se alguma dia de cor, en core, a letra de uma música ou poesia e eu não sou desses, sou desses que decora o indizível, eu quase digo que decoro cheiros, e só decoro um fraco sentir que rodeia o corpo, como a cadência da música ou poema com ele me foi sofrido, logo esqueço maior parte e vou reconstruir malmente lembrando de certeza de algumas letras que permeiam a primeira ou segunda estrofe. E tu morava na casinha quase de frente, eu te ignorava como se nunca houvesse ou pudesse ter existido, sua fuga foi o que senão a quebra de contrato louco que se faz com qualquer um, e eu entendo te entendo tudo toda. três filhos Tainara? Será que tu pensa em esconder eles da face da terra ou só eu sinto isso, e eu sinto vontade de me esconder também por medo. Se você tem medo eu sei que tem, não precisa dizer uma palavra desde seu nascimento até teu enterro que eu sei que tem e você continua vivendo, e eu às vezes preciso parar um pouco a vida e fugir como tu fugiu, mas tu parou os estudos e eu queria continuar estudando. Eu te via e sentia raiva e queria fazer você deixar os braços mais soltos e não tão colados ao corpo como se estufasse ainda mais os seios fartos, mas e se a quantidade de peito que te carregava fosse exatamente o que causasse a atração dos braços. Agora tu é mulher e sabia de coisas que eu ainda saberia pela experiência do corpo, à revelia dos tremores e evitá-los como fiz até agora só me faz querer num impulso de milhões de seres que correm desde a criação de tudo e pular rumo ao temor à morte à dor à entrega suja e lamacenta e conhecer a podridão de tudo para que no final eu possa dar conselhos sórdidos de não faça isso por experiência própria. E se eu tivesse fugido também, Tainara, seria eu capaz de ter três filhos e um marido alto meio estranho e calado que parece dizer toda noite que com homem se é protegido porque vim dos piores lugares e sei de todos os crimes e mesmo eu vi um na minha frente, não escolhi cometê-los, sabe?! Seria eu capaz de me viver depois de ter cometido o pecado que deixa a sociedade trambiqueira fingir susto e acusações de alguém que deixa a ponta da vontade humana aparecer num raio de quilometros? E eu quase afirmo, quase afirmo com ponto de exclamação até, onde, nesse mesmo onde. E tu me via e eu te via e continuávamos, por quê, e não se podia falar pois estávamos já de mundos divididos, eu porque sempre me neguei o outro por medo de nunca mais me encontrar, e pasmagoricamente eu te digo como se dissesse para o rei da china que morreu e que se não morreu morrerá, eu me neguei e quem disse que me encontrei? E tu que já viu tanto o que tu me diz, ia dizer que sou forte mas eu ia reprimir dizendo que é mentira pois pela noite eu relaxo e o corpo chora de ter existido mais um dia, e as belezas não podem nos salvar porque somos pouco muito pouco, tainara. Eu não falei mais porque eu sabia que seria assumir nossa incapacidade mútua, ainda hoje não te falarei. Continuo no meu domínio e na minha negação. E de longe eu vejo a vontade de que te falei de correr correr tão forte que caio sem nenhum precipício mas a queda é de tal gradiloquência que se pode ver as bordas de todas as cachoeiras e os picos mais frios e escuros do himalaya. Deixa eu te abraçar como tu abraça teus filhos. Será que o que me disseram me disseram mesmo ou eu imaginei por ter imaginado tanto que se guardou na mente como memória de algo que aconteceu mas é farsa, pois você sabe quem me contou, sabe quem, sim, você também morou de frente pra casa dela. E de novo será que existe coincidência ou tu queria que víssemos algo, tu queria dizer algo, me diz me diz. Comigo você não teve coragem de falar bem porque eu consigo ser muito ruim quando quero e nessa época eu não sabia muito e só o que me diziam e loucuramente mente mente de todas as histórias que tu contava para que a verdade fosse fungindo pro segredo e dentro de ti se perder, as histórias que tu contava eram isso, apagamento de algo: e não sei porquê tainara que eu acho que sinto que teu pai te levou pra cama e tu guardou segredo, adistrigente pensa-se, como, estou quase catalogando todos os pensamentos que vão surgindo surgindo e eu quero te dizer o quê e de traz de um tem outro que havia tão logo nascido e não se tem como comprovar as datas de nascimento pois talvez ou certamente certamente isso não tem importância. Capeta capeta capeta, capeta nada em voz infantil. Escuta este segredo agora então tainara, mas ainda não, algo ainda nasce, que o marido da tua avó também não era apenas marido dela, eu não sei de onde tiro tantas memórias e lembranças e quando estranhamente existi com tantas ideias que não se pode ter provas pois estive sempre fugindo de saber mesmo a verdade porque eu não sei onde ir depois que se a encontra olha que gracinha e o marido da tua avó sabia tudo de pescar e mecânica, era alto e magro e de outro estado e tinha um olhar viril eu quase sentia ainda o poder dele de ser jovem e fazer mais de quarenta filhos numa mulher e andar pela montanhas e exercitar as panturrilhas e falar do que esconde um homem para outro homem e pisca piscadela e desejar e desejar e realmente conseguir pois é muito fácil quando se é homem. E será será será que ele dormia pensando nos teus seios tainara, olha que sim, por isso tu fugiu? Tu perdeu o equilíbrio ou tu aguentou tudo. Eu te peço que agora escute isto, escute como se teus ouvidos não fossem mais ouvidos e você estivesse morrendo, eu espero mesmo que não, e não aja como louca, aja loucamente como se loucura fosse apenas uma das eternas de infinitas folhas que caem de todas as árvores, escute como se escuta, pois não falo diretamente contigo mas a outro que possivelmente não existe justamente pela possibilidade de existir e se falar a um que na verdade é muitos muitos: e tu me adota se eu parar meio encolhido numa cestinha? E me adota de outro jeito mas não deixa de nenhuma forma parecer que é um pedido ou uma súplica, finge que é um acontecimento que te houve e o peito lateja de ser inesperado em toda a vida e quase se morre de um não-sei-o-quê. E fragilidade visto que crianças talvez carreguem os pecados dos pais e um susto de precisar dizer que existe não só isso mas minhas maldades, e um cavalo em mim muito inteligente diz que é preciso dizer as maldades, é preciso, e então eu quero dizer em confissão as minhas. E agora novamente eu peço escuta, com muita atenção, e diga-me de imediato se tenho perdão: eu amo mesmo a chuva mas às vezes ela é só chuva, vê? Vê a traição? E outra, outra que é o maior dos pecados: tenho medo, pois se que eu fosse tudo de uma vez só eu não precisaria nunca nunca pensar sequer uma vez. Um outro pecado, mais um outro, mas um de desespero, e agora pode ser o momento e diz-me diz-me como se fosse um grito, um grito de guerra, meu castigo, e abandona-me em ruas movimentadas ou vazias, de volta para um lugar que nunca estive, repito repito repito e aceito sim senhor. E eu aceito as chicotadas, mas diz-me diz-me quase que imediatamente de não haver espaço ou intervalo entre inspirar e expirar, diz-me tão brutalmente e eu seguirei com o que parece cru e escondido e absurdo demais, eu te conto: não sei se quero a solidão. diz-me agora não os vislumbres mas logo tudo, diz-me até que eu fique sem fôlego te doando todo meu ar para que você fale e tudo se cale para então ouvir-te, ouvir-te e nada estivesse sendo ouvido mas pronunciado dentro da própria garganta e lábios colados. E tu me adota? Tu me adota de outro jeito mas não deixa eu jamais saber que foi súplica e que por pena tu fizestes, e finge finge. Finge como se fosse as bombas do japão que te chegassem depois de um momento silencioso como o fim e que nunca se daria conta do pré vazio de som se não fossem as bombas e depois o pós vazio de som e ruído mas o temor que estontearia o menor dos deuses.

-E não é fácil te encontrar em cada palavra depois de dita e no entanto te acharia no meu ilíaco. Beirando uma imaginação de ti no meio de milhares e milhares de pessoas, menos muitas e por isso ou mesmo a humanidade, a única. Você então amante da vida, a vida não te pegou no colo, e então tu teve a vida do lado de lá, sem nunca existir completamente. E a vida não te pega, não te pega, ou tu que não pega a vida tainara? Bebados da notícia da tua fuga. Apareceu para ter filhos e um marido. Agora me diz baixinho contando um segredo de onde se esconde Jesus para alguém que não pode falar e se se morre de morte infinita para Judas, agora mesmo, me diz: se eu fugir eu volto com um marido e filhos?