504 Gosto de morar na roça

Estou na capital, na casa da minha filha mais nova passando uns dias, para fazer o tratamento de um câncer da minha próstata, que fiquei sabendo acomete pessoas negras. A minha esposa ficou no sítio cuidando da criação. E a minha filha não me deixa andar sozinho no ônibus, por medo d’eu me perder. .

Apesar do conforto da cidade, eu prefiro morar na roça para contemplar a natureza e respirar o ar puro. Gosto de ver o nascer e o pôr do sol no horizonte. E à noite gosto de ver a lua e as estrelas sem a interferência dos prédios. Foi na roça que criei os meus 10 filhos.

Alguém me perguntou se onde eu moro tem linha ônibus. Eu lhe respondi que sim, que tem um ônibus que percorre várias currutelas, que o motorista e o cobrador são conhecidos e conhecem cada passageiro. Que é permitido carregar quase tudo desde que esteja embalado num saco, como uma galinha, um leitão, um peixe, um catolé, um cacho de bananas ou uma verdura.

É uma viagem que dura um dia, ida e volta; que o motorista para no restaurante da dona Maria para o almoço ou lanche, e avisa, que se precisarmos de uma pasta de dente, tem uma a nossa disposição na sua cabine. É uma viagem divertida onde revemos parentes e amigos.

Goiânia, 26-02-2024

(Do meu livro Minhas histórias, pequenos contos, em revisão)

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 26/02/2024
Reeditado em 22/03/2024
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