Os dois vagabundos

“A essência humana está na forma como vivemos conforme a vida se nos apresenta ou na forma que procuramos viver conforme nos apresentamos à vida?” Stuart Carpentier – Filósofo jamaicano.

Cada ser humano, ou não, possui seu momento intrínseco no âmago da existência. Esse momento estende-se durante um turbilhão de bilhões ou até mesmo trilhões de milésimos de segundos, senão muito mais. Cada molécula de ar envolvendo cada alvéolo dos pulmões percorrendo por todos os caminhos de túneis que levam ao cérebro das espécies animais, dentre elas, a humana, concebe-se em vida. E a anima que permeia o invólucro destes seres, se é que existe tal espectro dentro das criaturas, quando alguns nomeiam-na por alma, outros por espírito, sendo vasto o contingente de nomes que as civilizações dão no correr dos séculos à essência humana, e, na minha reles condição de leigo no assunto, não me atrevo a afirmar ou confirmar uma ou outra coisa no que diz respeito às verdades ou afirmações duvidosas de outrem, é o que me faz pensar. Assim, sem chegar a conclusões, reflito sobre os dias de ócio de um reles vagabundo como eu, que, aposentado, mas ainda apto e disposto ao trabalho, não restando alternativa, posto que o ofício da barganha entre o sal do meu suor e um delgado e mísero salário oferecido não se encontra, nos dias de hoje, na proporção exata, coisa que noutros tempos também não era tão equivalente, mas havia ainda esperança de melhora. Há mais suores para serem derramados, menos oferta de onde aplicá-los. E o salário, ou suorário, como queiram, com a permissão do neologismo e o perdão do trocadilho barato, é ainda mais ínfimo do que antigamente. Voltando ao ofício da observância... Sim. Não havendo alternativa, conformo-me a andar pelas largas ruas da minha cidade. São Paulo, para ser mais preciso. Não que esta seja a minha cidade natal, mas adotei-a após longos anos de acolhida com a fidelidade com que me toma no seio da vasta extensão das suas ruas e avenidas. Formei-me na faculdade do cotidiano atendo-me aos prazeres da leitura dos livros e do comportamento das pessoas. Não sou erudito com um diploma pendurado na parede da minha casa, ornado em pele de cordeiro, mas possuo um certo conhecimento. Mas o assunto subseqüente ao qual quero tecer um breve comentário é outro. Lógico que possui uma relação inerente à essência humana, quando no mais, é o fato principal.

Numa dessas habituais andanças pelo velho centro da cidade, admirando as antigas construções com uma arquitetura que, na minha opinião de espectador, são maravilhosas se comparadas com as contemporâneas, deparei-me com uma cena costumeira, mas distante da minha realidade. Após comprar o jornal do dia, sentei-me num banco da praça da luz e comecei a folheá-lo quando um mendigo aproximou-se e sentou ao meu lado. Continuei a leitura do periódico sem dar importância ao meliante. Este, por sua vez, mostrava interesse nas linhas que preenchiam cada espaço do jornal. Fiquei incomodado. Quem não ficaria. Não pelo aspecto degradante da aparência do homem com seus farrapos a cobrir-lhe o corpo. Nem pela face esquálida e pálida que possuía. Muito menos pelo cheiro desagradável que tomava a atmosfera pelo menos na extensão que cobria meu banco e os outros dois paralelos. Não. Não eram estes os motivos do incômodo. Incomodava-me por não poder concentrar-me em minha leitura com alguém a me espreitar tão de perto e a furtar-me o direito da solidão. Fechei o alvo dos meus prazeres matinais e ia-me levantado quando o fulano dirigiu-me a palavra:

- Perdão, senhor. Pode emprestar-me seu jornal por um instante?

Fiquei atônito. Não poderia imaginar que um sujeito como aquele maltrapilho e sem perspectiva, pudesse se interessar por jornais, muito menos que soubesse ler. Dei-lhe sem dizer qualquer palavra. Folheou o jornal e, na página de empregos, parou e começou a ler. Durante uns cinco minutos fiquei a observá-lo na sua procura quase religiosa por um vestígio de emprego. Não me contentando em apenas esperar que este se deleitasse com o meu jornal e com a curiosidade aguçando-me no cerne da alma, perguntei-lhe:

- Que tanto procura no jornal? Disse-lhe sem demonstrar que já sabia o motivo da sua aflição. Bom. Não narrei antes que o homem aparentava ter uns trinta anos porquê não era pertinente no momento. Mas cabe aqui, já que este fará parte da narrativa, e será, em tempo, o próprio narrador, dizer sobre sua aparência. O resto, ele próprio lhes dirá.

- Eu tenho profissão, senhor. Estou com este aspecto por ter cometido a maior estupidez que alguém poderia cometer.

- E que estupidez foi essa, meu jovem? Perguntei-lhe com aguçada curiosidade.

- Fui nascido na cidade de Pedras Negras no interior de Rondônia na fronteira do Brasil com a Bolívia. Meus pais eram lavradores. Desde garoto interessava-me pela ciência e filosofia. Aprendi a ler com o auxílio do meu velho avô que fora professor no auge da sua juventude na capital daquele estado. Este lecionara por quinze anos, quando juntou dinheiro suficiente para comprar uma pequena propriedade de terra nos arredores do município donde vim a conhecer o mundo. Dada a empreitada do meu avô, meu pai, herdeiro das suas concepções bucólicas, veio a criar seus filhos, inclusive eu, com a singeleza da sabedoria do homem do campo. Mas desde que comecei a decifrar as primeiras letras do alfabeto, interessei-me por coisas do mundo moderno. Não que detestasse viver junto da natureza. Mas gostava de ciência e progresso. Coisas futuristas e tal. Com dez anos já havia lido sobre as leis de Newton, sobre a teoria da evolução das espécies de Darwin, sobre Platão, Sócrates, Diderot, Rousseau e outros nomes clássicos da ciência e filosofia. Meu pai não questionava meu interesse por coisas tão alheias à nossa vida cotidiana. Meus irmãos, quatro no todo, sendo três mulheres e um homem, seguiam na mesma linha peculiar almejada por nosso velho avô. Eu sempre dizia a todos que um dia viria a conhecer qualquer grande capital de algum estado do Sudeste ou Sul do Brasil para aprofundar-me nos estudos.

- Não conseguiu realizar o seu desejo? Interpelei-lhe na narrativa.

- Preste atenção. Se estiveres interessado nos motivos que me condenaram nesse meu infortúnio, escute. - Respondeu-me sofregamente esfregando as mãos sujas nos olhos marejados de lágrimas. Meus pais... - Continuou. sempre me apoiaram nas minhas decisões, dado este que me coloca dono dos meus atos e responsável pelos resultados deles. Disse-lhes que queria sair da nossa propriedade logo que fosse possível. Eles concordaram. Mas ressaltaram que tal alento só poderia se realizar quando eu completasse dezoito anos de idade. Assim ocorreu. Despedi-me de todos com muito pesar e rumei mundo afora em busca de conhecimento. Trouxe nos bolsos alguns trocados que me permitiriam gozar razoavelmente de um quarto simples de hotel com refeição por seis meses. Estava decidido a arrumar emprego bem antes dos três primeiros. Depois de ter passado por Campo Grande, Brasília e Belo Horizonte, vim a fincar meus pés nestas terras paulistanas. E antes que me perguntes porque optei por esta Capital, digo-te que me deixei levar pelas promessas de emprego que circulam pelos quatro cantos do país de que São Paulo possui mais ofertas do que as demais cidades. Eis minha grande estupidez ao ouvir conselhos de outrem. Cheguei no auge da minha juventude forte como um touro e disposto a tudo para realizar meu intento. Nos primeiros meses arrumei emprego num escritório de contabilidade onde exercia a função de Office boy. O salário não era suficiente para concretizar meu grande sonho, pois para realizar tal feito, dependia de ter um rendimento razoável na minha folha salarial. Talvez esteja se perguntando porque não tentei uma universidade pública ou não pleiteei uma bolsa numa particular e já me antecipo e digo da falta de influência com pessoas que poderiam me orientar acerca de vestibular e também pelo número de vagas não ser proporcional ao de procuras no caso da primeira e com relação à segunda, há muita burocracia para conseguir algo gratuito no Brasil. Ganhava apenas para pagar as despesas com aluguel e com mantimentos para suprir minha necessidade de continuar a viver. Ou seja, trabalhava e gastava o dinheiro para me manter. A cidade proporcionava empregos, mas o salário era pouco, o capitalismo tomava cada metro quadrado em redor de mim e o custo de vida era muito alto, como ainda o é. Enfim, nada de sobrar um níquel sequer para estudar.

Passaram-se os anos naquela rotina. Nos últimos três, perdi meu emprego no qual exercia a função de operador de máquinas. Estava com vinte e sete anos. Para muitos empresários, uma idade avançada. Findou-se o sonho. Consegui me manter por dois anos com o dinheiro da rescisão trabalhista e com as parcelas do seguro desemprego. Neste ano em que vigora nossos dias fui despejado da pensão por falta de pagamento e comecei a vagar pelas ruas na expectativa de ainda arrumar alguma ocupação e conseguir progredir intelectualmente, já que financeiramente, nunca me peguei de amores pelo dinheiro. Nas ruas vivi todo tipo de humilhações. As pessoas passam a léguas de distância com medo do aspecto com que a pobreza estrema presenteia seus anfitriões. Nenhum legado de justiça passa pelos orifícios das nossas vestes sujas e fétidas. A expiação do ser humano começa quando a esperança escapa-nos das frestas das mãos. Não há virtude nem dignidade. Somos a sujeira do mundo. Somos o feio e a escória. Vivo na mendicância por todas as ruas, na orla dos becos e nos bancos e viadutos. Quando se perde tudo, perde-se a vida. Pois não há vida que perdure nestas condições miseráveis. Tentei entrar em contato com meus familiares. Mas o desespero falou mais forte em meu coração e acabei por vender todos os meus pertences. E junto com eles foi-se a única chance em contatar alguém.

- Meu amigo, que pretendes fazer de agora em diante? Perguntei comovido com a breve história do rapaz.

- Não me resta nada mais além de esperar a morte sussurrar aos meus ouvidos. Não tenho mais esperança de nada. Quando ainda possuía um emprego, não consegui ir adiante no meu sonho, agora neste estado pelitrapo, que poderei arranjar? Poderei freqüentar uma lanchonete sequer para comer um lanche dignamente? Talvez eu consiga entrar em uma danceteria e me divertir um pouco. Respondeu-me encolerizado e irônico.

De agora em diante sigo com o restante da narrativa. Talvez o leitor me pergunte o que houve depois de ter recolhido o meu jornal. Talvez se sinta culpado por fazer parte de uma sociedade tão hipócrita e inerte como eu me senti, ou se abstenha de algum interesse em saber o fim da história e até mesmo se isente de qualquer participação neste texto. O fato é que narrarei algo que talvez não estejam acostumados a presenciar em qualquer esquina de suas vidas. José Anacleto, este era o nome do meu personagem, caiu em prantos após devolver-me o jornal. Eu não podia fazer nada naquele momento. Apenas perguntei-lhe se estava com fome. Obtendo uma resposta afirmativa, comprei-lhe dois lanches numa lanchonete próxima e um refrigerante e despedi-me desejando-lhe boa sorte. Disse-lhe que não perdesse a esperança, pois dias melhores viriam. Rumei pensativo para o meu pequeno apartamento nos Campos Elíseos. Subi os lances da escada que davam no quarto andar onde eu residia. Abri a porta do apartamento e deixei-me cair no sofá. Descansei por alguns minutos e deparei-me com o pensamento voltado para o ocorrido minutos atrás. Que história mais sofrida a daquele moço. Falei para mim mesmo. O coitado tentou durante anos conseguir um emprego melhor para realizar seu sonho de se aperfeiçoar nos estudos e não conseguiu. Conseguiu o berço da miséria e nada mais. Nestes pensamentos reflexivos adormeci sem me dar pelas horas vadias.

Acordei de sobressalto horrorizado. Pelos deuses do Olimpio! Tivera um sonho ruim. Sonhara que era um maltrapilho e vivia a esmolar meus dias deitado numa calçada da avenida Casper Líbero.

- Que diabos houvera de ser este sonho? Perguntei para o vão do nada olhando para as paredes. Respirei fundo e fui tomando ciência das horas. Já passavam das quatro da tarde. Com meus pensamentos voltados para os acontecimentos do dia vi as horas passarem. Pendeu a noite sobre meus olhos que observavam o movimento das ruas pelas frestas da veneziana. Mas a imagem do mendigo não me saia da cabeça. Comecei a imaginar uma possibilidade de um dia fazer algo para ajudar esse tipo de pessoa. Mas o que um homem no ápice dos seus cinqüenta anos, aposentado após ter passado trinta anos enfurnado numa montadora de automóveis, na qual conseguiu comprar um pequeno apartamento para não morrer ao relento, poderia fazer? Estes pensamentos tomavam-me de quando em quando. Sou uma pessoa solitária. Nunca fui um nubente por não me simpatizar com a idéia do matrimônio. Por isso não possuo herdeiros. Sempre gostei de viver solitariamente, sem ninguém para atrapalhar na minha vida cotidiana, nem me privar da minha liberdade absoluta. Mas também nunca me dediquei a quem quer que seja. Nunca me preocupei em doar um segundo da minha vida para outrem. De lutar por alguma causa que não seja a minha. A grande verdade é que a maioria das pessoas pensa assim. Eu, não fugindo à regra das exceções, não era diferente. E aquele maldito encontro junto com o sonho que tivera estavam me fazendo refletir sobre tais assuntos. Foi-se a minha paz costumeira. Tentei dormir, mas não consegui. Aquelas reflexões argüiam no âmago da minha alma. Pensei e pensei até não poder mais me concentrar em algo concreto. Não adiantava continuar pensando. Algo me dizia que eu tinha que fazer alguma coisa para ajudar aquele andante. Tomei uma decisão. No dia seguinte tentaria encontrá-lo. Assim esvaeci-me ouvindo os rumores de alguns automóveis que passavam pelos arredores e meditando em minha decisão.

O despertador tocou às oito horas em ponto. Levantei-me e, após ter tomado o café, desci os mesmos lances de escada e fui fazer a minha caminhada matinal. Mas esta seria com um intuito diferente. Estava disposto a encontrar o jovem do dia anterior. Desci pela Alameda Nothmann em direção à Praça Júlio Prestes. Procurando nos bancos das praças e nas calçadas pelo meu mendigo. Conseguiria reconhecê-lo. Lembrava-me bem da sua fisionomia. Fui andando e observando cada grupo de pessoas que vivia na rua. Cheguei até à Estação da Luz. Mas não o vi. Nenhum vestígio daquele homem com quem tivera conversado no dia anterior. Apesar de não saber ainda o que eu poderia fazer por ele, estava ansioso por encontrá-lo.

José Anacleto, homem decidido, mas que estava entregue à resignação dos dias, não se encontrava em qualquer parte do velho centro. Caminhei resoluto pelas alamedas esperançoso por dar de cara com meu jovem e promissor estudante. Se o encontrasse, daria um jeito de o ingressar em alguma universidade. Recursos não havia, mas gozava de algum conhecimento com pessoas que, em outros tempos, prestara grande favor. Agora poderiam acudir minha ânsia por ajudar o rapaz. Havia o seu Justino, dono de uma lanchonete no Brás e também o Rodrigo Pavão, dono de uma rede de sebos que ficava nas imediações do centro. O primeiro poderia oferecer um emprego e isso ajudaria o rapaz a ganhar algum dinheiro, seria uma solução emergencial, mas quanto à moradia e os estudos, não seria de grande serventia. O segundo desconfiava até da própria sombra e não era dado a ações filantrópicas. Grande muquirana e oportunista, se negaria na certa a prestar uma ajuda a um desconhecido mesmo que fosse por intermédio de um emprego oferecido. Não havia grande perspectiva na minha idéia de súbita benevolência. E isso me aborrecia. Não o fato de não conseguir ajudar o desafortunado, mas o fato de eu próprio vir a morrer sem ter praticado nenhuma boa ação na vida. Acho que estava mais preocupado com os pesares póstumos do que com o bem estar alheio. Carregava um certo remorso na alma por ter dedicado toda a minha vida apenas para mim mesmo. Gozava de boa saúde, mas os sintomas da meia idade aliada à consciência tardia da maturidade, me faziam corar de um leve desespero. Talvez, na contraposição dos nossos lugares na sociedade, José me fosse a salvação, e não eu a dele. Este, já se encontrava salvo de qualquer culpabilidade nas desventuras da sua vida, tanto por não ter sido contemplado com a sorte, quanto por não ter se entregue aos apegos vãos com que os frívolos matam e morrem. Eu, que de quando em vez, visitava a morada dos prazeres, necessitava de algo mais útil e virtuoso para preencher a lacuna que a mesquinhez deixara em meu peito.

- Seu Arnaldo, vê-me um jornal, por favor! Pedi ao jornaleiro enquanto passava os olhos pela praça.

- Eis aqui, Folha da Manhã, né?

- Perfeito. E este povo que vive nas ruas? Andam a importuná-lo pedindo dinheiro? Perguntei com ar de pouco caso para não demonstrar qualquer interesse por aquela gente.

- Se andam... Ainda ontem pela tarde um sujeito ficou encostado na parede um bom tempo folheando uns jornais velhos.

- É mesmo? Que um sujeito poderia querer com jornais se não sabem nem fazer a letra do ó?

- Isso lá é verdade. Acho que já estava com os parafusos um tanto frouxos na cachola, pois não parava de dizer que seria doutor e filósofo. Que gente mais maluca.

- É seu Arnaldo, acho que essa gente, de tanto sofrer, acaba ficando maluca.

- Sei não... Só sei que depois apareceu um carro da prefeitura e o levou junto com outros para um albergue. Dei graças a Deus, já estava afugentando a clientela, e isso seria prejuízo na certa.

- Sim, seria. Respondi satisfeito por ter obtido uma informação importante. Restava procurar pelos albergues mais próximos. Não seria tarefa muito difícil, pois as pessoas recolhidas no centro tinham um destino certo: um galpão de uma velha fábrica cafeeira abandonado que fora alugado pela prefeitura para acomodar moradores de rua e famílias desabrigadas. Este eu sabia onde ficava por, de vez em quando, caminhar pelas ruas circunvizinhas. Peguei um coletivo rumo ao Albergue dos Esquecidos.

Conversei com as pessoas da administração e fiz uma breve descrição do aspecto físico do jovem, pois ainda não sabia o seu nome. Para minha infelicidade, não havia ninguém com as características relatadas e, mesmo dando uma averiguada com os próprios olhos, não o vi.

Decidi voltar a pé para casa. No caminho observei tantas outras pessoas que viviam nas mesmas condições. Vi o nojo que despertavam nos lojistas e até mesmo nos comerciantes informais. A clientela se desviava com medo ou repúdio. Não consegui encontrar o rapaz. Acabei desistindo de procurá-lo.

Alguns meses mais tarde abri o jornal e li na primeira página: “Polícia investiga assassinato de moradores de rua”. Na reportagem aparecia uma fotografia com o nome de um deles: José Anacleto.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 03/01/2008
Reeditado em 05/01/2008
Código do texto: T801760