Bolsonaro, Genocida Golpista

Eu caminhava varrendo com os olhos as margens da via pública. Qualquer brilho do Sol resplandecendo sobre algo, arregalados, vívidos, eles não viam a matéria prima, mas o que chamam de vil metal. No sistema capitalista, tudo é dinheiro.

Humilho-me para uma, humilho-me para outra e sigo sendo humilhado pela vi'afora; porém agradecendo os porcos imundos que emporcalham as margens de ruas, postes de energia e confluências de ruas. Qualquer um desses lugares é pequeno aterro sanitário; e não menos, local para o povo jogar seus restos e sobras que alimentarão ratos, moscas, baratas e até, outros humanos. Fecundados no inconsciente coletivo, quando perguntado sobre suas atitudes em relação ao seu meio de convívio, dirão que são altruístas e bondosos.

De repente, me aparece do outro lado, em sentido contrário, mais um energúmeno desocupado. Na mão, uma sacola de plástico preta.

Atravesso a via e vou de encontro à alma penada. Estacamos um em frente ao outro e sem a hipócrita decência de nos cumprimentamos, abri a balela cotidiana, reclamando do tec-tec das máquinas / pistola dos funcionários remarcando os preços dos produtos nos supermercados, especialmente o arroz que está a preço de ouro. Comentei que comida de pobre é arroz, feijão, macarrão, fubá e farinha; e qualquer outra coisa, é iguaria de luxo. Abrindo a boca com meia dúzia de dentes solapados pelos tártaros e cáries, o sujeito sorria, dando a entender que ouvia um lunático.

Notando que daquela mente não saía nada, que não fosse zombar da vida, resumi a monólogo, dizendo: "encontrou alguma coisa"?

- Cê tem um toco de cigarro, aí?

- apagado ou aceso? - forçava-o, falar.

- aceso, claro!

- não.

- pode ser apagado, então.

- também não tenho. A coisa tá feia, né?!

- prá mim não; tenho procurado, mas até aqui não encontrei um pedaço de espelho, sequer.

Deixando-me falando sozinho, abriu o compasso das perdas. Pensei: "a alienação é um baita antídoto contra os males humanos". Logo desencanei de qualquer pensamento, pois, ainda que Eu não saiba e nem tenha algo para medir distância, no meio do caminho tinha uma latinha de cerveja. Acompanhada de uma garrafa pet de plástico cheia de mijo amarelado, havia uma latinha de cerveja no meio do caminho. E tudo, o lixo e a garrafinha de mijo na beira da via, é culpa do genocida. O fascista de uma figa faz campanha motivacional para o povo ser, o que é? Você e povo não passam de hijos de uma puta madre. Desabafei!

- a Pandemia foi um martírio para o povo.

- Por que?

- Por que; por que? Por que ninguém, nem os objetos vivem sozinhos. - Eu contava os passos e pensava alto.

Humilhei-me de joelhos diante de mais uma latinha...;

"e a garrafinha?" - ouvi uma voz.

- Caralho leitor, você é foda, heim?

Uma coisa é o que falam, outra coisa, totalmente diferente, é o que são; portanto, teoria e prática não pisam na mesma cratera aberta na via pública mal iluminada. Sabendo-se disto, vou parar numa feira e colocar meu diploma de Sociólogo à venda; quem sabe recupero um pouco do tempo perdido cursando Sociologia?!

E sumi, lépido, antes que o mosquito da dengue me tomasse como mais uma vítima dele. Um franzino, Zé Bicudinho, tomba gigante, essa é a manchete do JN da Globo...; culpa do genocida que não tampa as caixas d'água nos telhados e não remove os objetos com água nos quintais das casas e puxadinhos. Prisão para você, é pouco; seu miserável!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 17/03/2024
Reeditado em 17/03/2024
Código do texto: T8021672
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