Trabalhador

Acordei sem querer acordar e assustado com o despertador. Me arrasatei até o banheiro, acendi a luz , cocei os olhos e me olhei no espelho. Pensei em como queria ter ganho aquele prêmio da Mega Sena e não precisar levantar as 04:00 da manhâ. Tomei banho, pus a calça e descalço escovei os dentes. Levei o tênis até a sala, liguei a televisão e sentei no sofá. O corpo ainda relutava e me puxava para o lado, se tombasse não levantaria, me calcei. Antes de sair pensei em comer algo, mas ai tive preguiça de preparar, sai logo , se comer nada. pus a camisa, borrifei o perfume, peguie chaves e celular, saí.

Ao sair do prédio, pude ver alumas outras pessoas que estavam indo trabalhar, ouvi o som que o sono faz numa noite quente. Na ciclovia, vi os homens que armavam a feira, no meio deles passava um senhor que fazia caminhada, caminhada as 04:30 da manhã. apertei o passo e vi o ônibus passar no fim da rua, pensei uma dúzia de palavrões e prossegui.

No ponto de ônibus encontrei um cobrador que estava sentado num caixote, e vi mais pessoas que seguias, silenciosas, sua romaria.

O ônibus veio e rezei para que houvesse lugar para ir sentado, não tinha. Entrei e parei de pé ao lado de alguem que tivesse cara de quem ia saltar logo. É curioso ver que a maioria das pessoas dentro do ônibus , nesse horário, são idosas. Talvez indo para o trabalho ou para a fila de qualquer coisa. Nossos idosos merecem amis respeito, não deveriam ter que trabalhar ou enfrentar longas filas, e creio que nem deveriam caminhas as 4:30 da manhã, a cidade e violenta.

No meio do caminho vou pensando um monte de coisas, sonhando alto. Vejo as pessoas que descem e finalmente posso me sentar, não vai dar pra cochilar, sem tempo.

Somente depois que salto do ônibus na Central é que posso ver o fervo que é nossa cidade, independente de horário. Haviam pessoas esperando o ônibus, vendendo porquinhos de barro, café, bala... estavam lá os rodoviários e todo o tipo de gente. Atravessei a Presidente Vargas correndo, consegui subir no segunddo ônibus e procurei um lugar na janela. Me sentei atrás de um velhinho que parecia ser morador de rua, ele comia uma coisa que cheirava a azedo. Aquilo me embrulhou o estômago, um sentimento de impotência e agonia foi crescendo, poderia ser um parente meu, poderia aaté mesmo ser eu dentro de alguns anos...

No caminho, olhei pela janela e pude ver a vermelhidão que se postava atrás do Pão de Açúcar, linda cena. Desci na Praia de Botafogo, me encontrei com alguns colegas na porta de serviço, fizemos brincadeiras e entramos. Deixei o trajeto do lado de for lado serviço e me deparei com o leão que mato todos os dias em frente ao computador ( certamente é um gato manso perto do leão que o senhor que come azedo mata). No fim do expediente me fui, vendo se aproximar o pedinte que esmolava na esquina, driblei-o. O ônibus estava cheio, porém, fui pra casa dormindo nos degraus da porta traseira.

Quando cheguei em casa, dei graças a Deus, acordei cedo sim, não esmolei, não comi estragado e por mais que seja humilde, estava na minha casa. Fiz um balanço e vi como somos egoístas, eu queria ganhar na Mega Sena pra nã trabalhar, talvez as pessoas que me deparei so quizessem trabalhar. Me arrependi de não ter pago um lanche para o pedinte da esquina...

Você teria ajudado ? Não responda.

Símio
Enviado por Símio em 20/01/2008
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