O professor Rosinha

Por trabalhar há anos em escola, tenho contato direto e diário, com alunos, pais funcionários e professores, tanto da escola em que trabalho, como de outras escolas da região e cidade.

O fato que vou relatar é muito pitoresco e aconteceu realmente, em uma escola da minha região.

A professora Rosinha é uma pessoa muito bacana, prestativa e por isso muitas vezes é pau pra toda obra nas escolas em que trabalha.

Em uma dessas escolas em um final de ano, aconteceria como de praxe uma formatura de alunos da Educação de Jovens e Adultos, mas era uma formatura com grande número de formandos, estariam presentes autoridades do município e da área educacional da região.

Ocorre então que a diretora da escola, solicitou a professora Rosinha que escrevesse a ata e posteriormente fizesse a leitura da mesma na solenidade da formatura. A professora com a maior boa vontade elaborou a ata, relacionando todos os formandos, seus dados etc..

Para encerrar a ata é de praxe escrever o nome da pessoa que redigiu a mesma, na ata em questão, ficou assim: "...e nada mais havendo a tratar, eu Rosinha Silveira encerro a presente ata, que vai por mim assinada e pelos demais presentes..."

Acontece que como em todos os lugares em que trabalha muita gente, inclusive nas escolas, sempre existem aqueles que gostam de aparecer, fazendo para isso, seu jogo de poder e chantageando ou usando suas cartas na manga para conseguirem sobressair-se.

Nesta escola, trabalhava também um professor alto, corpulento e muito falante, daqueles que muito falam, mas pouco dizem e trabalham menos ainda.

Ao descobrir que na formatura estariam presentes muitas autoridades e representantes de seu partido político, o professor Armando, conseguiu, sabe-se lá como, que na última hora a diretora o indicasse para ler a ata no lugar da professora Rosinha, que diga-se de passagem, tinha arrumado o cabelo, vestido sua roupa nova impecável e estava pronta para se dirigir ao salão onde se realizaria a solenidade. Ao ser avisada que não mais leria a ata, ficou chateada, mas com toda sua humildade juntou-se aos demais colegas e ficou ali como espectadora vendo o colega, ler o que ela havia levado horas para escrever com tanto carinho e competência.

Mas como não poderia deixar de ser, o professor Armando teve seu merecido castigo.

Ele estava muito seguro de si e orgulhoso por estar fazendo bonito frente as autoridades e amigos, leu com voz forte, não esqueceu de nenhum nome, enfim estava para encerrar com chave de ouro após umas duas horas de leitura. Só faltava o finalzinho. Ele fez pose estufou o peito e lascou em alto e bom som: ...e nada mais havendo a tratar, eu, ROSINHA SLVEIRA, encerro a presente ata.

O público mal conseguia abafar o riso e a professora Rosinha, recebeu a solidariedade dos colegas, que após a solenidade, riram a vontade e tiraram o maior sarro do Armando por muito tempo.

Anamar Quintana
Enviado por Anamar Quintana em 02/03/2008
Reeditado em 07/05/2009
Código do texto: T884350
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