Acontecimentos do Circular

Entro no Ônibus. Não venho do trabalho. Fui resolver umas coisinhas na cidade. Agora volto para casa. Minha mente começa a administrar o que aconteçe à minha volta. Está entardecendo, o céu, nublado.

Minha mente ouve o silêncio. Isso não é normal,aqui não. Logo me apareçe um camelô,vendedor de amendoins. De repente,me vem o verdadeiro entendimento sobre o trabalhador ambulante,principalmente o brasileiro.

Agora minha mente se confunde. Misturo memórias do passado com o presente. Crio uma verdadeira bagunça pisicológica. Algo me atiça o olfato. UM infeliz de um perfume barato vindo da frente incomoda os meus sentidos. A senhora do meu lado saboreia lenta e irritantemente um pacote de amendoim.

Na poltrona da frente,um casal de namorados se perdem dentro de uma caixa de bombons. Mais um camelô. Agora são torrones. Um gari lhe dá o valor e aceita o seu produto. Agora vejo a honestidade e a boa-vontade do povo brasileiro,principalmente,a do pobre assalariado.

Novamente meus pensamentos se embaralham. O tin-tin-tin das moedas do cobrador reorganiza minha mente insana.O cara do meu lado tenta cochilar. (o trabalhador sofre,principalmente o pobre.) No próximo ponto embarca uma estudante. Penso em lhe pedir para segurar os seus livros. Ela me chamou a atenção.(eu tenho apenas 18 anos,por isso ela chamou a minha atenção.) Mas logo desisto da idéia.

No momento eu penso que alguém há de fazer isso por ela. Minha boa vontade existiu,só faltou a ação. Alguém a ajuda com os livros.(Eu disse que alguém ajudaria.)

Novamente me perco na imundície mental do meu consciente. preciso de uma descarga mental. Logo me apareçe um rosto conhecido. Eu conheço essa menina...ela me olha,mas não lembra de mim. Isso é normal,quase ninguém lembra de mim mesmo.

O casal de namorados já acabou com os bombons. O rapaz ao meu lado finalmente consegui cochilar. Novamente bagunço os meus arquivos mentais. Uma curva mais violenta me coloca no lugar. Voa pela janela. Não!! não é um passageiro não,é o saquinho vazio do amendoim que aquela senhora estava comendo. O brasileiro é muito mal-educado. (depois reclamam das enchentes...)

Olho o que passa do meu lado. Uma ladeira me lembra o tempo em que eu andava de skate. Minha mente está cansada de observar e processar tanta coisa. tento me desligar. Agora não dá mais,o próximo ponto já é o meu. Me levanto e puxo a cigarra. Meu pai reclama que o motorista é muito lento,que deveria digirir um trator.

Vejo duas senhoras falando de religião. As duas se dizem''ungidas''. Um rapaz de boné amarelo dorme na penúltima poltrona. Está quase babando. Agora é a minha vez. A porta se abre. Desço. Minha história termina aqui. Esse é o meu ponto final desse circular.

Rilan Ancelesti Orn Geacco
Enviado por Rilan Ancelesti Orn Geacco em 03/03/2008
Reeditado em 18/09/2009
Código do texto: T885345
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