Conto: A garota do ponto de ônibus

Estava passeando pela rua, como costumava fazer desde que me senti aflito por algumas situações em que estive e me vi obrigado a passar e presenciar. Era tardezinha, final de tarde com um pôr-do-sol alaranjado, como já fazia tempo que não o via nessa tonalidade e vislumbre. Continuei a minha jornada passando por um jardim, com poucas flores e as que lá haviam eram cobertas pela grama alta. Segui pelos caminhos que matam os matos em que as pessoas costumam seguir e caminhei olhando para o céu. No meio deste caminho encontrei várias pessoas e também animais que moram na rua, uns largados e abandonados pelos donos, outros que nem sequer um dia, tiveram um lar e vão piorando a cada dia, com doenças virais. Mas o que me chamou a atenção naquele dia mesmo foi uma garota assentada em um ponto de ônibus.

Estava sozinha, e o ponto de ônibus sem sequer outra pessoa, além de nós dois. Ao seu lado, passei e ela estava em prantos. As lágrimas já tinham borrado o que havia passado em volta do olho. Passei e continuei seguindo em frente, mas meus pensamentos já tinham sido esquecidos e comecei a pensar no sofrimento das pessoas. Nós, seres humano, choramos por tantas coisas, umas sendo necessárias e outras vezes supérfluas. Pensei nas vezes em que já chorei, e nos momentos em que me foram pensativos e necessários para que então chegasse a este choro. Pensei em quando chorei por ingratidão, quando amigos me foram ingratos e me mostraram o quanto perdi de meu tempo quando ficava tentando anima-los e hoje nem sequer sabem que poderiam estar vivos, simplesmente por tê-los levantados quando um dia, de mim precisou. Pensei nas vezes em que ouvi pessoas sendo falsas e me diziam ser amigos, me magoando. Antes dissessem que não queriam ser meus amigos, garanto que desta maneira não ficaria mal. Outras vezes, passava chorando por ter ao meu lado pessoas incapazes de poder me ajudar e me sentia só, de fato. Ainda teve vezes que chorei de alegria, por poder pensar que estava feliz e que podia ainda, acreditar em mim.

Neste momento já estava bem a frente do ponto de ônibus, quando pensei que aquela garota que estava chorando, talvez estivesse apenas precisando ser ouvida e precisando de um carinho qualquer que seja. Olhei para trás e já não conseguia ver o local em que ela estava, pois a rua era de baixada e já tinha me encoberto às vistas. Olhei de novo para frente e pensei que ela já tivesse ido, em algum ônibus. Continuei andando e parei de novo depois de uns cinco passos. Não podia deixar de ver alguém sofrendo com alguma coisa sem poder fazer alguma coisa. Aconteceu comigo, um dia e precisei de alguém, também. Não seria nada demais, eu ir até lá. Afinal, não tinha sequer horário para cumprir naquele dia. Não havia qualquer problema em deixar dez minutos, ou uma hora de conversa com aquela garota. E virei e comecei voltar no sentido do que estava voltando. Olhava ansioso para conseguir ver o ponto de ônibus. Andava mais depressa, mas meu coração pensava que ela já pudesse não estar e que ela talvez nem estivesse precisando de ajuda, como pensei. Parei no meio do caminho e pensei em voltar. Olhei para o lado da descida, ao qual estava antes de voltar, mas olhei de novo pra cima e pensei que não teria problema em andar um pouquinho mais do que estava andando. Peguei de novo o rumo e fui subindo. Estava já, cansado pelo fato de estar andando a mais de uma hora, se cessar, apenas parando em um banheiro público e tomar água.

Olhei para cima e consegui ver o ponto de ônibus, mas ainda não conseguia vê-lo todo. Mais de quinze minutos haviam se passado, ela não está lá, dizia meu raciocínio, mas meu coração iria contra e continuei a subir. Olhei de novo, esticando o pescoço e pude ver que ela ainda estava lá sentada na mesma posição em que tinha a visto pouco tempo atrás. Naquele momento tive vontade de desistir, afinal ela nem sequer me conhecia e talvez não gostasse de sair contando seus pesares a qualquer um que passara. Meu coração pulsava mais forte, não sei se pelo fato de estar indo de encontro a alguém que nem sequer tinha visto em qualquer outro lugar, ou talvez por estar cansado por andar e desejando somente minha cama.

Neste momento, ela se levanta. Eu paro e não sei o que fazer. Será que ela notou que estava ali e subindo de novo. Será que ela acha que me apaixonei por ela. Várias perguntas me rodaram naquele momento. Parei esperei ver onde ela iria. Ela olhou para baixo, na direção em que eu estava. Não pude perceber, porque ainda estava meio longe dela, mas notei que sua face estava mais vermelha, e ela escondia como quem não quisesse ser percebida nessa situação. Olhei para trás dela, e vi um ônibus vindo em sua direção. Pensei então que ela só poderia estar indo pega-lo. Corri na sua direção. Naquele momento não me importava mais o que estaria pensando e nem o que estava fazendo, apenas corri o máximo que pude, com meu fôlego já estourado de cansaço. Consegui alcança-la antes do ônibus.

– Olá! - Disse eu com minha respiração ofegante e o rosto vermelho, com vergonha.

Ela parou e pude notar que seus olhos estavam bem avermelhados, como quem não cessou sequer um minuto de derramar lágrimas. Ela então não disse nada em resposta ao oi que havia pronunciado. O ônibus parou e ela não entrou. Ficamos ali parados olhando um para o outro, sem dizer mais nada. O motorista abriu as portas e esperou que um de nós entrasse. Foi quando ela disse:

– Você quer alguma coisa comigo? Vou tomar este ônibus.

– Não. Nada. Vi você aqui chorando e sozinha e pensei... - Retruquei meio que sem saber o que estava dizendo. Talvez fosse melhor se tivesse pensado antes, no que diria quando ela me perguntasse algo.

– que...? – Parou ela, o meu falar meio sem entender o que se passava.

– Nada. – disse eu novamente – Vai tomar este ônibus?

– Vou sim.

Quase sem deixar com que ela concluísse, o motorista do ônibus perguntou se íamos tomar o ônibus, pois ele não podia esperar. Entramos no ônibus, ela na frente e eu logo atrás e sentamos nos assentos reservados, antes da roleta. Sentei do lado dela e não houve mais papo, desde que entramos no ônibus. Ela começou a olhar para fora da janela, enquanto o tempo de chuva começava a aparecer e tapar as estrelas que enfeitavam o céu, naquela noite.

Olhando para ela, ficava sem graça de falar alguma coisa, notando que ela parecia não querer falar qualquer coisa. Continuei sem falar nada e olhando para frente. O ônibus balançava muito e em certos momentos até me deixava irado. Em um desses balanços, olhei pra ela e ela olhou pra mim. Achei que fiz errado em tê-la seguido e ainda tomado um ônibus que nem olhei para onde ia.

Olhei de novo, e vi que ela estava chorando novamente. Pensei então que achava que foi realmente necessário o que fiz. Ao menos, se falasse alguma coisa. Do jeito que estávamos calados, não chegaríamos a qualquer lugar.

- Está tudo bem com você? – Perguntei, colocando a mão no seu ombro.

Ela me olhou ainda com a cabeça baixa e os cabelos cobriam o lado direito do seu rosto.

- Não foi nada – Responde ela, limpando a vista com lágrimas e a voz soluçando, cortando as palavras.

- Mas não é um choro comum, este seu. – Respondi logo em seguida – Você parece estar preocupada com alguma coisa ou aflita. Qual o seu nome?

- Lúcia. – Responde ela, ríspida.

Fiquei receoso em continuar com perguntas. Fiquei com medo de estar atrapalhando e acabar piorando as coisas. Fiquei ali parado, de novo, olhando para frente, o caminho se encurtando ante a rodoviária.

Em tempos, olhava para o lado e lá estava ela, chorando de novo. Voltei minha fronte a ela na ânsia de perguntar novamente o que se passava, mas me contive e retive a fala. A rodoviária estava próxima e pensei em descer e esquecer tudo o que estava fazendo. Podia ser uma simples briga com o namorado e estava eu lá, feito bobo parado olhando pra ela, como quem quisesse um compromisso e estar aproveitando a situação de fraqueza da garota. Quando parei de pensar um pouco, o ônibus já estacionava na rodoviária e levantei para descer, quando senti uma mão pegar meu braço. Era um amigo, Jean, ou Jeanzinho para os chegados, e que não o via há muito tempo. Cumprimentou-me, mas não ia descer naquela rodoviária. Apenas me passou o telefone e e-mail para que entrasse em contato mais tarde e colocar o papo em dia.

Posso dizer que por um instante, esqueci do sofrimento da garota que encontrara e que fosse a razão de estar naquele ônibus. Desci do ônibus e olhei para dentro do ônibus para conseguir vê-la. Não consegui ver o banco em que ela estava sentada, por conta do cobrador, que a escondia de minhas vistas. Quando o ônibus saiu, do outro lado, em que estava, olhei vi que Lúcia tinha descido do ônibus também e que estava lá com os braços cruzados, saindo como quem estava indo para casa. Corri até ela.

- Não vi você descendo. Aliás, nem sabia que iria descer aqui. Você mora por perto? – Perguntei já um pouco aliviado do cansaço de andar.

Ela apenas acenou com a cabeça, concordando.

- Legal. – Disse eu, meio inquieto. – Quantos anos, você tem?

- 19. – Respondeu seca à minha pergunta.

Com um ano a menos, que minha idade, não imaginava desde o momento em que a vi e que pudesse ser apenas essa, nossa diferença de idade. Voltei-me pra ela.

- Está indo pra casa, não é mesmo? Posso te acompanhar?

- Pode sim. – Respondeu finalmente ela.

- Tudo bem então. Mas posso te pedir uma coisa? – Respondi com um ar mais contente, para poder ver um sorriso em seu rosto.

- Pode pedir. Se estiver ao meu alcance...

- Quero saber a razão de seu choro. Foi essa a razão por eu ter voltado de onde ia e ido falar com você. – Respondi entusiasmado de ter tirado mais que meras sílabas de suas falas.

- Mas por que, fez isso? – Respondeu ela, querendo me entender, ou ao menos parecia isso. Talvez ela também tivesse gostado de estar conversando e perguntou para não perder o clima.

- É que eu estive vendo que chorava bastante e isso me intrigou. Depois que passei por ti, não pude parar de pensar em que talvez lhe tirasse o sossego. Pensei que talvez necessitasse de uma companhia, ou de apenas alguém que a ouvisse e que pudesse tirar algum peso de sua consciência.

- Bacana ouvir isso de você – responde ela – acho que talvez precise mesmo, de tudo o que tem me falado...

Logo que terminou de falar a sua voz cortou e não pôde continuar. As lágrimas voltaram a descer no seu rosto e parei sem dizer nada, apenas segui a acompanhando e deixando com que ela se acalmasse.

- Vamos sentar naquele banco, Lúcia? – Disse eu, procurando uma maneira de fazê-la pensar um pouco, e conter um pouco o choro.

Logo que chegamos à praça, na qual estávamos indo, pedi que ela sentasse, antes que o pudesse fazer. Ela se assentou e as lágrimas cessaram parcialmente. Sentei do seu lado.

- Me diga o que te faz sofrer tanto, Lúcia. – Disse com voz branda e calma.

- Vou te contar o que aconteceu. Há mais ou menos 3 anos, perdi a minha mãe, em um acidente de carro. Um caminhão estava na contramão em uma noite chuvosa e minha mãe, que estava voltando do trabalho não percebeu que o caminhão tinha mudado de faixa e bateram de frente. O carro da minha mãe não sobrou sequer o retrovisor e o caminhão, acabou passando por cima de tudo. No velório, não pude vê-la e despedir-me pela última vez, pois alegaram que o corpo não tinha condições de ser visto, pelo mau estado em que encontrava. – Neste momento vi que seus olhos avermelharam mais e senti que a saudade apertou, ao lembrar de sua mãe, mas conseguiu se conter e continuou – Mas o pior disso tudo, é que tinha apenas 16 anos na época e meu pai, na época não podia ficar muito comigo. Sem contar que a maior renda em casa, era a de minha mãe e a gente estava de certa maneira sem dinheiro. Ficava em casa, sem fazer nada. Sempre fui uma pessoa tímida e não falava muito com as pessoas da vizinhança. Achavam-me uma pessoa quieta demais e não me procuravam por conta disso, mas também não fazia muita questão que viessem mesmo, falar. Até que um dia, fui varrer a calçada e vi uma garota sentada do outro lado da rua. Parei e acenei com a mão para ela e ela retribuiu. Fiquei parada olhando e ela do mesmo jeito ficou. Entrei para pegar a pá e colocar as coisas no lixo e quando voltei para a rua e ela estava na minha calçada. Conversamos o dia todo e depois desse dia, tornamos grandes amigas e parceiras. Ela tornou minha mãe, praticamente. Quando acontecia algo comigo, ela era meu socorro. Daiane era o nome dela. Quando estava doente, ela me dava remédio, quando me faltava ar pra continuar, ela era meus pés, quando sentia frio, ela me aquecia, quando chorava, ela limpava minhas lágrimas. – Percebi novamente as lágrimas correndo no seu rosto neste momento, mas não hesitei.

- Mas o que aconteceu com vocês duas? Não são mais amigas? – respondi querendo entender, mas já sabendo que algo relacionado à Daiane, foi o que causara a desordem de sentimentos em seu peito.

- Ela faleceu. – respondeu Lúcia já com as palavras cortadas pelo soluço que as lágrimas traziam a razão.

Suspirei forte e fundo. Não esperava que fosse algo do gênero. Pelo que me contara, Lúcia foi muito ligada de fato a essa amiga Daiane. Ela deve ter usado como uma ponte no poço que havia entre o sentimento quebrado pela morte de sua mãe e a falta de companhia plena, em que pudesse confiar. Foi nesse intermédio que passou a conhecer Daiane, que pôde ser quem estava faltando em sua vida. Depois de tudo ter se amenizado e Lúcia ter colocado um ponto final na morte de sua mãe, podendo sorrir mais para a vida e sonhar com a esperança, veio a falecer Daiane.

- Morreu, mas como? – respondi ainda no impacto da fala de Lúcia.

- Aids. Mas não AIDS, que ela viesse a se contaminar com relações sexuais. Daiane sempre foi de uma família íntegra, e de caráter invejável. Mas sim, de uma transfusão mal realizada, quando ainda era mocinha e teve de fazer cirurgia nos dedos, que eram defeituosos de nascença. A doença foi se agravando de fato e não houve mais o que os médicos fazerem a não ser esperar a morte de Daiane.

Neste momento, entendi o que se passava com Lúcia. O sentimento de perda repetido da maneira, que ela menos esperava. A sensação deveria ser a mesma de quando ela perdeu a mãe, como perder a sua segunda mãe. Ela estava lá continuando a chorar, lamentando estar sozinha novamente. Tentei acalma-la, batendo as mãos na sua costa e dizendo que a vida infelizmente é ingrata, quando se diz respeito a mortes. As pessoas morrem, porque estão vivas. Não tem sentido a questão de mortes. Não esperamos que alguém morra, mesmo sendo a pessoa mais chata do mundo e a que menos queiramos ver, mas é o que acontece e não tem como negarmos. Para morrer, basta estarmos vivos. O que acontecer, é que confiamos e sentimos como um pedaço da gente, algumas pessoas. Às vezes somos ingratos um com o outro e quando algum deles morre, eis o problema vindo à tona. Muitos esquecem as pessoas que se amava.

Foram esses pensamentos que me vieram à mente, enquanto a tentava acalmar. Mas foi quando ela levantou a cabeça.

- Mas o pior na está ai. – Disse Lúcia, limpando o rosto novamente.

- Não?! Mas há mais coisas? O que? – Perguntei curioso e espantado.

- Ela não foi velada aqui. Foi velada em Curitiba, que é a cidade natal dela, e não pude me despedir dela de uma maneira mais amiga e grata.

Neste momento parei novamente e comecei a pensar nas pessoas que deixamos de cumprimentar e agradecer nos momentos em que mais podem estar precisando ouvir uma palavra de agradecimento. Como é difícil reconhecer que alguém um dia foi especial para a gente. Como é difícil a gratidão e muitas das vezes, o que ocorre é a ingratidão. Se cada um pensasse que não há maneiras de se viver só nesse planeta e realmente a necessidade de um companheiro se faz presente a todo ser humano, e pudéssemos agradecer sempre, as pessoas que nos tornam especiais e nos fazem felizes em momentos que não queremos nem sequer sorrir. Às vezes, um sorriso basta, mas o que ganhamos é a ignorância.

- Não ligue para isso, Lúcia. A Daiane com certeza entendeu a distância entre vocês, onde quer que ela esteja.

- Mas o problema não é esse. – retruca Lúcia.

- Então qual é o problema? – digo eu, pasmo.

- Ela ficou internada por mais de 40 dias e em nenhum dois dias, fui visitá-la.

- Mas por que não pôde? Algum problema a impediu todo esse tempo? – Retruquei inquieto.

- Sabe como é. Hospitais são sempre cheio de doenças e bactérias. Fiquei com medo de contrair uma doença hospitalar e ficar doente.

- Mas não se arrepende? – respondi chateado com o fato e com o ânimo meio desapontado.

- Sim, e muito. Mas não posso mais fazer nada. Por isso me desespero e choro sem parar.

Foi neste momento que percebi o quanto somos falhos. Percebi o quanto de ingratos e como essa ingratidão afeta a nossa sociedade. O quanto as pessoas pensam que por mais que elas precisem, amanhã agradeço. Pode ser tarde demais, pode ser a última vez em que vai poder olhar àquela pessoa, que por mais doente esteja, um dia lhe foi útil no momento no qual você precisou. Essa, por sua vez, não mediu qualquer tipo de esforço, doença, tempo e muito mais coisas que pensamos e colocamos como pedra no caminho e pensamos não poder falar com aquela pessoa, por conta disso. São de pequenos empecilhos o problema para nossos relacionamentos. A cada vez que olhava para a Lúcia, pensei em estar vendo mais uma dessas pessoas que pensam que a vida é bela hoje, amanhã e amanhã, como se não existisse sequer uma noite entre esses dias.

- Entendo você, Lúcia – disse eu, já com a voz afobada e apagada com o que estava a ouvir. – Você apenas fez, como fazem normalmente os seres humanos.

Ela então sorriu e voltou abaixar a cabeça.

Levantei e despedi-me de Lúcia, desejando Boa Sorte.

Rafael Rezende
Enviado por Rafael Rezende em 14/03/2008
Reeditado em 23/06/2009
Código do texto: T901104
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.