Colhendo lagrimas....
Focado em seus conflitos pessoais, se achando, de repente, desamparado e vulnerável não via o que o cercava. Buscava respostas de perguntas que sequer sabia formular, desejava preencher uma lacuna, perder o porto seguro tem estas desvantagens, perceber que nosso estado original é solidão.
- Estou sem chão!
-Seu chão era feito de ilusão.
-Estou com medo, perdi, agora não sei o que fazer.
-Medo? O que é ter medo? É admitir que não há onipotência em sua insignificância!
-Perder? Hahaha!- ela ri sarcasticamente- se você não tem não perde, não há como perder!
Engolindo o orgulho, poupou sua grande amiga de uma resposta bruta.
-Insensível!
Não ponho analgésico, os remédios que curam são aqueles que ardem mais!
Detestava aquele sorriso desesperado que ele esboçava.
-Te odeio mulher!
-Eu também te amo!
O semblante perdeu um pouco do peso, ele estava sofrendo, e ela, mera mortal, tentava com todas as suas forças parecer forte, não podia fraquejar, tinha que ter certeza nos olhos, mesmo que sua única certeza fosse a de que ele precisava entrar fundo em sua dor para vencer.
- O amor dela acabou! Ela simplesmente não sente mais!
- E você, que é irresponsável, idealizador e egoísta, so exige a explicação: “Por que?”
-Não é isso!
-É sim. Ela é ela, você é você, esta sofrendo a dor é sua e só você pode mudar sua situação! O problema não é ela não estar, é a SUA falta, frustração, quando pegar para si o sentir e não atribuir ao outro, causa, aí você vai conseguir sarar.
As lagrimas estavam cristalizadas dentro dos olhos dele, o silencio sussurrava, como se as almas tivessem ultrapassando sua dimensão, como se a palavra fosse perdendo o sentido, fluindo pelos poros algo alem. E o tempos se tornava estático, como naquelas cenas instigantes, de expectativa, entre o momento decisivo e a respiração profunda de alivio.
-Pesa muito pensar assim....
-Esconder e cômodo.
-Não é escon...
-É SIM! Olha pra você rapaz, sua inegável capacidade esta sendo vencida por uma maldita dependência! E pior, você não depende sequer de um ser, mas de uma CERTEZA!
-Não estapeie minha face assim!
-Poupe-me do drama...
-ME ABRAÇA!
Ele disse com a voz seca, entre lábios, como se este pedido fosse negado por seus princípios mas necessário, fundamental, para salva-lo de seu buraco negro....
Ela então, segurou firme naquelas mãos brancas e meigas, depois acariciou aquele rosto belo com a ponta dos dedos, sorriu com cumplicidade e o abraçou. Tinha uma criança nos braços, era amiga e mãe ali, não com certezas, mas com lagrimas nos olhos:
-Espero que você se encontre...-viu um sorriso entre as lagrimas de seu amado amigo.
Quando teve certeza de que sua missão estava cumprida, “voou de volta ate o céu”....