Priscila de João

João Carlos acordou mais cedo naquele Sábado de sol. Precisava encontrar Priscila na padaria da esquina.

Levantou disposto e colocou uma roupa bonita: botas, calça jeans e uma camisa vermelha de manga longa com listras brancas no punho. Estava feliz por encontrar Priscila. Infelizmente ela não disse o horário, apenas disse pela manhã na padaria. Ele então decidiu ir logo as seis da matina.

Seu sorriso estava de um lado ao outro do rosto. Seu peito sentia uma energia diferente, não sabia explicar. Uma vontade de rir sozinho; Sempre que a via, ficava assim.

João chegou à padaria e ficou esperando em pé, batendo os pés lentamente no chão. As pontas dos dedos estavam geladas. Sentou. Pediu um suco. Bebeu em goles rápidos e curtos. Olhou para o relógio. Estava muito ansioso.

De repente ele olhou para a mesa de trás e viu a imagem que fez seu coração praticamente parar: Priscila estava de costas com uma xícara de café na mão e um rapaz moreno ao lado.

João levantou e, respirando fundo, ele foi até o outro lado da mesa, em passos curtos. Olhou rapidamente o rosto da moça sentada e definitivamente concluiu que não era Priscila. Foi o maior alívio de sua vida. Sorriu. Sentou-se novamente. Pediu um pão.

Almoçou, lanchou e Priscila não chegou. Deve ter tido algum problema, pensou ele. Então foi embora para casa junto com o sol. Deitou-se. Mais um dia sem Priscila.

O Domingo chegou e passou como um dia pesado. Almoçou sozinho, mas o prato de Priscila estava lá, talvez aparecesse para o almoço. Mas ela não apareceu. João tomou remédios para dormir. Sonhou bastante, pois estava agitado.

O dia de Segunda-feira começou frenético como sempre. Eram ainda seis horas da manhã e as ruas já estavam cheias de pessoas apressadas para todo lado. O sol já brilhava intensamente atrás de uma nuvem alva e em forma de pluma.

João fumava seu primeiro cigarro do dia e admirava o horizonte. Este se tornava cada vez mais amarelado.

Enxergava o rosto de Priscila no céu como uma miragem. Carlos tomou um banho frio, refrescando-se para o dia que já começava quente.

Saiu do banheiro respirando fundo e olhou sua imagem no espelho velho. Sorriu. Penteou o cabelo e, apesar do calor, colocou suas botas, calças jeans e a camisa vermelha de manga longa com listras brancas no punho. Saiu de casa.

Olhava atentamente os rostos das pessoas que passavam por ele no bairro, estava em busca da face de Priscila. Não conseguiu identificá-la dentre aquelas pessoas. Decidiu então ir ao seu trabalho. Tinha uma vaga lembrança do lugar. Precisava saber o que havia acontecido com Priscila.

João pegou logo o primeiro ônibus para o centro da cidade. Se tivesse sorte, encontraria Priscila já no ônibus. Mas não teve.

Desceu em um ponto de ônibus cheio. Na verdade, eram vários; Um ao lado do outro. Saiu do ônibus lentamente. Sua cabeça não parava de girar. Olhava para todos os lados ao mesmo tempo enquanto andava atentamente em meio a milhares de pessoas.

Priscila atravessava a rua correndo, ele viu. Na mesma hora João colocou o pé direito na frente do esquerdo bem rápido e correu. Correu tanto que, ao sair do ponto, um ônibus não o viu. E jogou João do outro lado da rua, perto da mulher, que não era Priscila. E assim, João Carlos morreu sem saber que Priscila jamais deixou de ser a mulher dos seus sonhos.

Malluco Beleza
Enviado por Malluco Beleza em 10/04/2008
Reeditado em 27/05/2008
Código do texto: T939557
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