PEDRO COSTURADO

Eu conheci Pedro Costurado, nos conhecemos aos 14 anos de idade,

Pedro costurado levava este apelido devido às cicatrizes de uma cirurgia que sofrera no baço e pulmão devido a um acidente quando criança.

Pedro costurado se vangloriava daquelas cicatrizes, me chamava de irmão. O tempo foi passando e crescíamos juntos.

Éramos vidrados em soltar pipas e flamenguistas doentes.

Pedro foi desenvolvendo um forte lado para o mundo do crime, mas eu, que o conhecia bem, sabia que era um “cagão”.

Pedro costurado amedrontava as pessoas dizendo ter sido presidiário( Funabem) e que suas cicatrizes eram causadas por facadas e tiros da vida mundana.

O mesmo só me colocava em situação difícil (furada).

Numa ocasião, tínhamos uns inimigos de juventude, que moravam em condomínio vizinho. Pedro costurado e mais uns três colegas da turma, colocaram um pano na cabeça e amedrontaram a mãe e irmã de um dos nossos “inimigos”, as mesmas voltavam de um supermercado.

“ Conclusão: Eu que estava longe da situação, comemorando o aniversário de uma tia em uma churrascaria, “paguei o pato” devido ao meu perfil de liderança na galera.

Apanhei muito e briguei muito por causa deste fato e até hoje o tal (irmão e filho das assustadas) não fala comigo.

Pedro Costurado que era filho de pais separados, vivia um tempo com seu Pai, e um tempo com sua mãe que morava no morro do Juramento no RJ.

Em outra ocasião, Eu caminhava por um local chamado submundo, mas não tinha nada de mais, era um local cheio de PUBs , lanchonetes e música ao vivo , onde a galera se reunia noite .

Avistei Pedro costurado, e ele a me ver, me chamou de longe me convidando para sentar a mesa onde já estavam com ele uns caras sinistros. Estes me olharam com semblantes nada amigáveis.

Todos tomavam cerveja E O PAPO ERA DE ALTO NÍVEL... Só falavam de escadinha, COMANDOS, tiroteios, ETC...

Sentei-me na mesa e o “amigão” bateu em minhas costas e disse: Este é o cara, “Carlinhos do Juramento”. Eu que nada tinha com o crime e muito menos com este tal Carlinhos, fiquei calado com cara de mal para não me prejudicar, os caras me pagaram cerveja, pareciam estar com medo de mim. Dei uma desculpa, me levantei da mesa e decidi não aparecer tão cedo no tal submundo.

Pedro, dias depois, encontrou comigo e eu dei bons cascudos nele e ele só falou: Desculpa irmão, foi mal!

A nossa amizade vinha abalada pelos tropeços de meu amigo, e suas visitas a casa da sua mãe, no tal morro, cada vez aumentavam mais.

Até que um dia chuvoso, meu interfone tocou e eu estava com meus pais vendo um filme de domingo, quando atendi era Pedro:

"Desce aí "que quero "ti dar" uma idéia!

Quando desci a escada de meu prédio estava Pedro e mais um cara. Pedro e o comparsa vieram me convidar para um assalto, e pasme, Pedro estava com um revólver calibre 38 de verdade.

Sua "idéia”:

“Irmão, você é meu chegado e vim te convidar para fazer uns ganhos”.

Neste momento a nossa amizade acabou!

O que eu sei de Pedro é que virou um traficante deste tal morro do Juramento.

E não sei se está vivo agora.

Eu não fui competente o suficiente para tirá-lo desta vida. Mas também não sei se caberia a eu educá-lo.

Obs: Os nomes são fictícios.