“Ganga Zumba & Zumbi”

E aquela artilharia impiedosa de canhões entoava uma nova canção destruindo milhões de sonhos! Disparar tiros de canhões em todas as direções, inclusive na direção de mulheres e crianças. Duas lideranças numa mesma época em cabeças diferentes levou a extinção o sonho de tanta gente! Ganga Zumba sabia que eternamente teria que recuar até que conseguisse um troféu para negociar! Depois de ver escravos libertos descamisados e sem sonhos servindo de capacho, desestruturados para a liberdade! Tentou negociar vestido a caráter (vestido de rei), foi ignorado em nosso país. Não há lugar para dois reinados! E a tão sonhada África brasileira ficou para depois.

Plantavam, colhiam e vendiam ou negociavam, o que os brancos não lhe vendiam eles assaltavam pois não tinham escolha. Os animais que criavam estes eles podiam vender. As leis dos impostos eles não entendiam, não eram “letrados”! Ganga Zumba ainda rapazinho foi submetido a um pelourinho, só escapou da morte porque teve sorte com os banhos de ervas e os remédios fabricados, mas as marcas do chicote ficaram eternizadas! Não tinham vigor para mais um “pelourinho”! Com a saúde fragilizada não tinha forças para voltar ao labuto da “enxada”! E já havia provado o gosto pela liberdade! Provou o gosto da morte ali naquele pelourinho! E já que se sentia um morto, era melhor “viver” com os dias contados!

E Ganga Zumba se atira num profundo monologo com sua “alma”! “Como africanos não mais se identificamos! Com os brasileiros não estamos misturando? Não temos mais para onde recuar-mos! Adentrar o semi-arido vamos fracassar! E já estamos muito próximos do litoral! Estamos encurralados neste torrão sagrado! Minha alma agoniza neste relento, e os meus sonhos se esvai com os ventos! Meu corpo doarei a esta terra! E minha alma retorna para os meus ancestrais! Meu corpo não! Não resiste a mais um pelourinho! Não resisto mais o trabalho forçado, minhas mãos calejadas tem saudades da enxada!” E foi com este profundo monologo que se deu início a nossa nação! Os coronéis não queriam mais saber de escravos “rebelados”! Mataram os homens! Mas as almas ficaram! O que Ganga Zumba não ficou sabendo é que depois deste profundo monologo nossa “África brasileira” já estava formada! Ganga Zumba era um reacionário e tentou prolongar seus “dias” aqui na terra o máximo possível, através de negociações! Então aparece “Zumbi” o revolucionário! Zumbi também conheceu o pelourinho e em sua memória a “cena” ficou gravada! Quando desamarraram as cordas que amarravam seu corpo, por terra caiu um corpo desfalecido, só depois de vários dias de medicina foi que conseguiu voltar à “vida”! E já que conseguiu escapar e um “Quilombo” conseguiu alcançar, a hora era agora não tinha mais o que esperar! Zumbi assumiu a liderança e aquele quilombo ele começou a fortificar! E já que era um guerreiro de nascença ele convocou a todos para que daquela guerra santa pudessem participar e o quilombo todo entrou em “euforia” com a promessa de que naquela época uma África brasileira começasse a funcionar! E de guerrilha Zumbi entendia pois venceu todas, menos naquele “dia” pois se tornara um “alvo fixo”, e ele não sabia que já existia os tais canhões! E aquelas fortificações em série sucumbiram todas as bocas dos canhões que chegaram para destruir os sonhos daquela nação em evidência! E Zumbi inspirou a todos aqueles guerreiros, dizendo a todos eles que um verdadeiro africano morre lutando e de “pé”! E os generais brancos nunca haviam visto tanta bravura, pois os guerreiros que escapavam dos canhões, vinham correndo em suas direções, morrer nas bocas dos fuzis ou na ponta de suas “espadas”, mas de frente e de “pé”! E você questiona não houve prisioneiros? Os Generais tinham pressa! Pelo contrário, se não tivessem pressa poderia mata-los todos sitiados!

Os generais conheciam a técnica dos romanos “alados”! Enquanto que, ainda das bocas dos canhões ainda saiam fumaças, os generais brancos comemoravam bebendo cachaça. Mataram os mortos! Pois todos aqueles homens morreram muito tempo antes ao ver entes queridos morrer a golpes de chicote em um “pelourinho” e morrer na boca de um canhão fica muito mais fácil! E hoje quando você trafega no centro do Rio de Janeiro pela Av. Presidente Vargas, ali na Praça Onze está uma enorme cabeça coroada de “Rei”! É ele mesmo, o nosso para sempre Zumbi dos palmares! Bem, os generais vitoriosos eu não tenho visto eles nas praças! E ainda não sei seus nomes de “batismo”!

moraesvirada
Enviado por moraesvirada em 03/05/2008
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