Festa no interior

O fato aconteceu numa daquelas cidadezinhas do interior paulista, era aniversário da cidade, as ruas enfeitadas com bexigas nas cores da bandeira municipal: verde, vermelho e preto. Na praça central - só havia essa - a fonte luminosa dançava no ritmo da bandinha e anunciavam o tempo todo no som da quermesse da Igreja o grande evento para marcar a data: Um sensacional jogo entre Atlético de Bitu* e o Palmeiras da capital, com Leão, Ademir da Guia e tudo mais, evento esse escolhido a dedo pelo grande fascínio dos bituenses* pelo esporte bretão.

Faltavam uns dez minutos pra começar o grande clássico e lembraram que haviam esquecido de contratar um árbitro para dirigir a “peleja”, então alguém teve a feliz idéia de convidar o professor de educação física, recém contratado pela Prefeitura de Bitu* , que aceitou de imediato o desafio.

Eis que chega o grande momento, Estádio municipal lotado, mais de dois mil torcedores, o Palmeiras da Capital entra em campo, camisas verdes como o gramado, calções brancos, tudo dentro do esperado, então, surge o Atlético de Bitu, com uma camisa linda nas cores verde, vermelho, preto e amarelo – mais enfeitada que jegue de cigano – calções pretos.

O juiz parecia um agente funerário, todo de preto, inclusive o bigode, e resolveu dar início ao espetáculo, então, ao contar os jogadores das equipes, verificou que a equipe da casa estava com um jogador a mais e dirigiu-se ao técnico, que era o barbeiro da cidade:

-Por favor, o senhor poderia tirar um atleta, sua equipe está com um a mais.

-Olha, respondeu o barbeiro, e já havia escalado os onze, foi quando o Prefeito chegou e encasquetou em jogar, o senhor então poderia pedir pra ele sair.

O professor pensou... pensou... pensou e decidiu, foi até o técnico do Palmeiras e disse a ele:

-O senhor está com um jogador a menos, escale mais um, pois aqui em Bitu a regra é diferente, são doze pra cada lado e emprego garantido.

*O nome da cidade foi mudado para evitar constrangimentos, mas a história é verdadeira.