A sala tinha a iluminação perfeita à intimidade. Um homem e uma mulher abraçavam-se, integralmente colados numa emoção nunca antes vivida. As lágrimas confundiam-se. O choro amplificado era dividido. O medo, a dor, o alívio e a tristeza estavam sendo compartilhados.

O amor que seria para sempre, não amadurecera como eles acreditaram um dia. Estavam assumindo a verdade e pareciam não desejar sair daquele abraço. Se ficassem assim juntos seria mais fácil suportar a agonia de uma relação que nascera na adolescência.

 Ela não sabia como era ser adulta e só. Ele também não sabia. 

Eles viveram momentos felizes e grandes perdas juntos. E havia uma criança. Uma linda criança amada pelos dois. Uma criança que precisava deles. 

Não haveria uma segunda criança deles. Não haveria a casa idealizada, nem o envelhecer acompanhados. 

Acabariam-se as brigas. As pazes  não seriam como antes. Não haveria retorno e eles sabiam. Por isso choravam em uma mistura de saudade e certeza de que não poderia ser diferente. O abraço os embalavam. Um sustentava o outro no instante da separação. 

     - Muito bonito o carinho de vocês. 

A voz suave os trouxe delicadamente à realidade. A mulher sentada assistira toda aquela emoção e  agora intercedia. Por mais bonito que fosse, por mais difícil que fosse interromper, ela tinha um horário a cumprir. A sessão durava noventa minutos, não mais que isso. 

Separaram-se ainda chorando e agora constrangidos, Ele bem mais que ela. Acabavam de viver um momento crucial na vida deles. O respeito ao passado e selo de uma amizade que nasceria do casamento desfeito.

Aquela tarde na terapia de casal definiu as vidas de três pessoas para sempre. Salvara a felicidade de uma criança e abrira perspectiva de uma amizade sincera e o respeito mútuo .

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 29/05/2008
Reeditado em 29/05/2008
Código do texto: T1010839
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