Repetir a vontade

A sensação de Lucas partir fez Nadia refletir sobre a importância que ela tinha na vida dele. Lucas recebera uma promoção no trabalho e contara para Nadia que havia aceitado.

Ela imediatamente entendeu que a vida profissional falava mais alto para ele. Mesmo assim imaginou que ele fosse propor de viverem juntos a partir de então. Mas para surpresa de Nadia o namorado disse que iria sozinho. Que tinha um mês para ajeitar tudo e mudar-se para outra cidade.

Foi quando Nadia se deu conta de que Lucas não pensou nela, tão pouco neles – casal. Ela sentiu um enorme vazio no estomago, teve vontade de perguntar e nós(?)... Mas cadê a voz!?

No decorrer dos dias, Lucas entusiasmado não percebia a angustia que causara à namorada. Nadia foi se fechando, sofrendo calada e ao mesmo tempo indignada consigo mesma, por não ter percebido antes que eles “estavam simplesmente juntos”, como tantos outros casais.

Deixou ele manifestar o quanto estava feliz, o quanto seria bom pra ele a mudança de cidade, de ares, de convivência com outras pessoas, de novos aprendizados.

Nadia compreendeu que nada havia para ser tido. Diante da falta de sensibilidade, da revelação de visão exclusivista dele. O melhor a fazer era deixar o fluxo seguir... Até que Lucas partiu.

Alguns meses depois Nadia também se mudou, de bairro, de trabalho, de vida social e durante esse processo conheceu Guilherme. Por quem aos poucos foi se interessando, desenvolvendo carinho, amizade... Até o amor nascer e o namoro engrenar.

Enfim, Nadia entendeu que não vale à pena forçar a barra. Foi até onde pode com Lucas e deixou o coração declinar ao perceber que podia machucá-lo. Concluiu que repetir a vontade é da natureza humana... Inesperadamente o amor brotou de novo.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 02/06/2008
Reeditado em 02/06/2008
Código do texto: T1016009