O CANTO DO GALO ( UMA DELICIOSA FÁBULA MACHISTA DEDICADA ÀS FEMINISTAS DE PLANTÃO)

Uma galinha ciscava alegremente num terreiro, e trazia ao seu lado o filhinho que saíra do ovo há poucas semanas. E todo o galinheiro se comovia ao ver o desvelo daquela mãe para com o pequeno, pois cada detalhe de suas necessidades ela administrava: desde levá-lo até a quirera, para que se alimentasse, até cobri-lo à noite, com suas asas , para que dormisse. O tempo passou e o desvelo continuou. De pintinho, o seu filho agora se fizera frango! Mas um frango muito estranho porque - mesmo a despeito de seu tamanho - ainda necessitava de que sua mãe o levasse até a quirera, e o cobrisse com suas asas no decorrer da noite.

Os mais velhos do galinheiro, então, reuniram-se, pois haviam reparado naquele proceder estranho do frango , e resolveram que ele deveria abandonar o galinheiro. Quando essa decisão chegou ao ouvido de sua mãe, ela quase que morre de susto e revolta: separar-se de seu filho? Jamais!!! E quando essa decisão chegou ao ouvido do frango ele quase morre de susto e medo: separar-se de sua mamãezinha? Jamais!!!

Porém, o que o conselho decidia era irrevogável e irrecorrível – e o frango teve de partir.

Partiu e deixou a sua mãe aos prantos. Outras galinhas tentaram consolá-la , mas não obtiveram êxito. E por algum tempo ela viveu entristecida: não ciscava, não comia... Depois, voltou a ciscar e comer.

E um lá dia seu filho retornou. E já não era mais frango, mas, sim, um belíssimo galo; e voltara acompanhado de uma atraente franguinha que o considerava o próprio Deus, tamanho o amor e admiração. Todo o galinheiro ficou em festa! E sua mãe, quando o viu, quase teve um desmaio de tanta alegria e emoção. E ele a abraçou, e reuniu toda a galinhada do terreiro e fez um bonito discurso de como valera a pena ter ele se retirado do galinheiro, de como aprendera coisas novas lá fora. E na manhã seguinte, o conselho dos mais velhos preparou uma homenagem àquele franguinho que partira e que retornara galo: quando o sol apareceu, coube a ele despertar toda a população galinácea do terreiro. Sob a vista amorosa de sua jovem esposa, que o contemplava em profundo e reverente silêncio (ele a acordara com um beijo amoroso, posto que desejava que ela aplaudisse o seu desempenho) ele olhou para o horizonte infinito, ergueu a cabeça, estufou o peito , bateu vigorosamente suas belas asas e cantou! Cantou poderosamente como só um galo poderia cantar, jamais uma galinha, diga-se de passagem! E seu canto era harmonioso, belo, maduro, experiente. Num cantinho do galinheiro, sua jovem musa chorava de emoção...

CAVALAIRE
Enviado por CAVALAIRE em 29/01/2006
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