O PAPAGAIO DO JUIZ AHMED

A cidade de Cabul estava intrigada com um boato que corria á boca pequena.As más línguas afirmavam que o muito probo e sábio juiz Ahmed El-Moslin,antes de sair para o Tribunal recebia conselhos de um papagaio.Alguns falavam que o tal papagaio,trazido das montanhas era um feiticeiro disfarçado,que vivia encerrado num quarto de luxo,na casa do juiz.Tinha que ser,pois,as sentenças do juiz eram um primor de justiça e equidade,louvadas e respeitadas até pelo sultão.Até os mais intolerantes advogados acatavam as sentenças sem questionamentos ou reclamações.Encabulado,o sultão mandou chamar o juiz para esclarecer o estranho caso.Seria verdadeiro?

-Sim,ó Rei magnânimo!Todos os dias antes de sair para o Tribunal,ouço os conselhos de um modesto papagaio verde de bico amarelo.Juro pelas barbas do Profeta!

-Exaltado seja Allah,o único!disse o rei._Não creio que haja,no Islã,um caso mais maravilhoso do que este.

Devo lhe contar,ó Rei doTempo!-que o dito papagaio,meu amigo  e conselheiro,só sabe pronunciar duas palavras;com esse limitado vocabulário,êle consegue me orientar com justiça e clareza.

-Apenas duas palavras!Que palavras mágicas são essas,que servem de fio condutor no emaranhado das leis!?

 

-Bondade e justiça!Justiça e Bondade!Eis as palavras que ouço todos os dias e procuro te-las,sempre,vívidas no meu coração.Quando estudo as causas que tenho que decidir,procuro ser justo e bom,pois a justiça deve ser inspirada na bondade;a bondade que exalta o fraco e reabilita o forte.

Por Allah,senhor dos mundos visíveis e invisíveis!Seguissem todos os reis,ministros e magistrados esses conselhos do papagaio e a felicidade desceria sobre os povos e a paz reinaria entre as nações.

Que pena que nossos homens públicos desconheçam “AS MIL E UMA NOITES”,sábia fonte de onde tiro esses escritos.

UASSALÃ!

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 02/08/2008
Código do texto: T1109130
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.