Coração do Anjo Caído
 
             Há quem diga que um Anjo foi expulso dos céus. Não lhe disseram o porquê, mas fôra expulso. Caiu no mundo em que nele descobriu as nuances mais entorpes que possa existiu. Ele sofreu. Penou a condenação a vagar por um mundo sem valor e coberto de incertezas. Nunca soubera o que era o amor.
              Vagou por longos anos na terra, ainda não compreendendo sua missão poética. Um dia resolvei sentar-se num parque e admirar a beleza das flores da primavera que se instalara no mês do desgosto. Entre folhas secas e vertigens humanas, apanhou uma folha e com a unha de seu indicador cortou o pulso, e pôs a escrever poesias a quem interessa-se. Cativou admiradores, mas não se completara ainda.
              Começou a freqüentar este parque com tamanha freqüência e nunca havia reparado em uma Menina que do outro lado do pequeno leito de lago, tentava em vão caçar borboletas para sua coleção. Pois- se admirar tamanho encanto de sua doce infantilidade, que aqueceu seu coração ainda sombrio, o assustando. Levantou-se voou longe, por algum tempo.
               Aquela lembrança da cena aquecerá a sua alma. O Anjo Caído resolvera voltar, para admirar apenas um pouco mais a beleza da Menina Doce. De longe ficara em observação, quando em um lapso a pequena Menina veio ao chão por tropeçar em uma pedra que havia se aproximado. O Anjo Caído voara o mais rápido que conseguira e tomou a menina em seus braços, para cuidar de suas feridas.
            - Ainda está doendo? - disse o Anjo.
            - Você também está ferido... - indagou a menina.
            - São apenas espinhos que levo no peito, por decorrência de minha longa jornada, não é nada! - disse o anjo cuidando das feridas da pequena Menina.
            - Isso me preocupa, dê-me este algodão! - disse a Menina tomando de assalto o coração do tal Anjo Caído, arrancando todos os espinhos que ele adquirira durante longos 26 anos de vida.
             Sob o crepusculo da primavera, as asas do Anjo Caído voltaram a se perolisar. Seu ton pálido, ganhou ares de cor humana e o brilho de seus olhos voltou. Entre uma troca de olhares o Anjo beijou a face da pequena Menina, que já o amava.
              Dizem, que a Menina mudou-se pro outro lado do leito do lago, e o Anjo Caído, deixou as trevas e se tornou um Poeta Menino. Dessa união nasceu um jardim de girassóis, que se tornou a nova morada de um amor tão puro que sabe a força que tem...
                Um anjo que não voltou aos céus, pois o seu céu está presente no coração desta Menina que ele se deixou amar.
 
Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 17/09/2008
Reeditado em 17/09/2008
Código do texto: T1182473
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.