Sombrané, Di du Mal e o Di Lúvio ( Duo com Di Amaral )

Depois daquela expulsão terrível do jardim do Éden, a devassidão proliferava a passos largos naquele Recanto, fazendo com que Jeovana pensasse em dizimar a civilização que ali existia.

A promiscuidade atingia níveis altíssimos e daquele jeito não poderia continuar, pensava Jeovana. Era um tal de toma lá da cá, que já atingia proporções gigantescas e que já estava comprometendo os bons costumes, com o exacerbamento da promiscuidade e dos troca-trocas. Coisa de louco...

Depois de muito vasculhar, Jeovana encontrou um ser justo naquele Recanto, que era conhecido como Sombrané, que tinha uma distante ascendência japonesa, mas sem aquela fatídica pequenez do membro reprodutor, graças à Jeovana, que, manipulando as famosas células tronco alterou o DNA do biláu, fazendo-o avantajado.

Convocado que foi para construir uma Arca, buscou a ajuda do seu amigo Di du Mal, que não se perca pelo nome, pois, na verdade, era bonzinho até demais. Só fazia o bem e por isso Jeovana aceitou que ele participasse daquela empreitada fantástica.

A bicharada já estava avisada que quando ficasse pronta a tal arca, todos deveriam entrar, pois iria chover pra cacete...

A destruição se daria com a ajuda de três Deusas, que se encarnariam com essa função já gravada em seus subconscientes.

Eram elas: 1) A Deusa das chuvas e das tempestades, conhecida na região como "Amazonarisca quase Qui Séria", famosa por promover inundações no interior dos homens, devido às babações que ocorriam durante seus shows Porno-Eróticos, cuja lotação se esgotava rapidamente, para desespero daqueles que não conseguiam comprar ingressos, nem mesmo daquela praga chamada de "cambista", que já proliferava no pedaço.

2) Átnômica, oriúnda dos pampas e muito famosa por dominar por completo o ciclo do urânio, promovendo de quando em quando, graves explosões, tipo arrasa quarteirão, chamuscando sempre alguns amigos meus e outros, não tão amigos. Era conhecida como a Deusa das Explosões e Afins.

3) E, por último -mas não menos importante- Negraluna, que teria a função de restabelecer no Recanto, a linguagem original que era o Caipirêz, que por sinal, já possuia muitos adeptos. Era conhecida como a Deusa dos Caipiras e Simpatizantes.

Além da devassidão, as letras já não eram mais tão puras, como foram projetadas por Jeovana, por isso a necessidade da Deusa Negraluna.

Todos, tirando Sombrané e Di du Mal, só pensavam naquela praga que campeava solta por ali, que era quase um pensamento único: - SEXO, SEM LIMITES.

Alguns habitantes daquele lugar, inventavam formas alternativas, mas com baixíssima criatividade, coisa que deixava Jeovana extremamente irritada.

Ela que se esforçara tanto, ensinando aquela garotada, que era preciso variar um pouco, para espantar a monotonia, estava vendo o seu trabalho ruir. Antes que isso acontecesse, ela mesma destruiria tudo, com a ajuda das três Deusas já mencionadas.

Sombrané e Di du Mal, não perdendo tempo, iniciaram a empreitada. Montaram uma pequena tenda com uma placa na fachada escrito : Contratamos Marceneiros, veterinários, concubinas e um bom serviço de quarto.

Não demorou muito e uma extensa fila se formou à porta da tenda. Sombrané e Di du Mal, diante de tamanha multidão, e não dando conta de atender aquela balbúrdia de marceneiros, veterinários, candidatas a concubinas e outros picaretas que ali tentavam um lugar a qualquer custo, subiram o monte mais próximo e rogaram à Jeovana que lhes auxiliassem na criação de um Departamento de Recrutamento e Seleção de Pessoal.

Concedido o pedido, foram-lhes enviados quatro Anjas, transformadas em humanas, todas, atualmente, pregando no R.L., que aqui poupamos de citar os nomes para não aumentar ainda mais a confusão.

Ao conhecer os dois escolhidos, as Anjas foram se apaixonando e no setor de seleção de candidatas a Concubinas Geradoras dos Filhos do Novo Mundo (título este bolado por Duda e Dudinha, dois anjos marqueteiros de Jeovana), começaram a escolher só virgens feiosas, o que exigiu uma reunião emergencial a pedido do Di du Mal, que pregava o conhecimento do mal para a prática do bem. Assentido o pedido pelo Sombrané, que espantou-se ao ver as candidatas recrutadas, realizou-se a reunião para a admoestação das Anjas enciumadas, que saíram do recinto suras, sem as penas do rabo.

De outro lado, não sobrava tábua sobre tábua e o desmatamento era geral em nome da grande Arca. Derrubavam árvores em quantidade que dava para cercar o planeta, ou fazer uma ponte entre a Terra e a Lua – o sonho dos poetas - , mas a corrupção e os desvios corriam às escondidas dos dois santos homens. Os veterinários contratados construíram um haras e um hipódromo com os melhores cavalos do mundo e um zoológico de causar inveja. Era intenso o comércio de cavalos, camelos, bois e bichos de todas as espécies e da melhor estirpe que, aos casais, vinham-lhes às mãos como um milagre, sendo logo marcados como de suas propriedades.

Sombrané e Di du Mal, despojados nos braços de suas concubinas inspiradoras, entreolharam-se decepcionados diante destas informações que recebiam de dois anjos emissários supervisores.

Amazonarisca quase Qui Séria encontrava-se em apuros com os seus cálculos de quantas descargas d´água teria que dar até cobrir a terra toda com este líquido. Concluiu que teria que esquentar o planeta, o que não seria tão difícil, com o desmatamento que estavam causando, e elevar o fundo do mar alguns metros, de forma geral e proporcional, pois assim, não acarretaria grandes desequilíbrios e estando o mar mais raso, após a precipitação da grande evaporação, as águas invadiriam a terra seca. Sua preocupação estava em encontrar uma solução para preencher os espaços subterrâneos da elevação do fundo do mar. Rebaixaria um pouco o Everest e os outros montes proeminentes, tomando o cuidado de deixar um mais alto para o encalhamento da Grande Arca, ao qual denominou no mapa da destruição de Ararat. Preencheria com as rochas do rebaixamento dos montes os túneis causados pela elevação do fundo do mar e o que faltasse com a própria gordura dos animais extintos pela Grande Enchente, incluindo os humanos, uma vez que Jeovana concluira que só serviam mesmo pra fazer sabão. Pensamento este que Sombrané e Di du Mal seguiam à risca com relação às mulheres feias.

Exposto o plano à Jeovana, pela Amazonarisca quase Qui Séria, elas se perguntaram se isto não seria um tanto perverso para ser contado aos descendentes de Sombrané.

Qui Séria, para os íntimos, então, na base do nem tanto ao mar, nem tanto à terra, sugeriu que se chamasse o Grande Conquistador e Exterminador do Norte, Di Lúvio, para dar cabo daquela situação.

A empreitada era colossal. Detonar o Planeta, salvando um casal de cada espécie das criaturas e uma cepa de seres humanos, em 40 dias e 40 noites dentro de uma só arca e assegurando-lhes sobrevivência, imediatamente após este prazo, era uma ação muito audaciosa, mesmo para Jeovana que teve com aquilo tudo uma grande expectativa e uma grande esperança.

Concluíram, por fim, adotar as duas medidas. Água cobrindo 75% da terra e Di Lúvio conquistando e exterminando o restante.

Sombrané, conhecido por amar todas as mulheres que via pela frente, sem distinção de raça, cor, peso, cor do cabelo, estado civil e idade, a bem da verdade, só encarava as menores de oitenta.

Outras condições que deveriam ser preenchidas a contento, eram: Não ser psicológicamente afetada, ser obediente, boa de cozinha e, principalmente, amorosa. Além de muito carinhosa.

Como dizia Vinicius, deveria também: Ser toda perdão.

Feita a seleção, que serviria também ao Di du Mal, que tinha sérias restrições quanto à beleza, ou melhor, quanto à feiúra, e como estava sob as ordens de Sombrané, só lhe restava obedecer, tomando conta exatamente das mais feias e encaminhando as mais bonitas ao Sombrané, por pura sacanagem deste.

Foi exatamente nessa situação que a Arca estava sendo construída.

Enquanto Sombrané se deliciava com as belas do andar de cima, Di du

Mal media bigodes com as do andar de baixo, mas.........

Num próximo capítulo contaremos o Di Lúvio, propriamente dito, e o convívio maluco dentro da Arca, naquele longo tempo da grande enchente.

Aimberê Engel Macedo
Enviado por Aimberê Engel Macedo em 21/10/2008
Reeditado em 22/10/2008
Código do texto: T1240292
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