ASCUL-MINSIS
A S C U L – M I N S I S
Associação Cultural dos Minerais Sentimentais
- 1991 –
Havia um laboratório lá na colinazul. Era um lab muito especial, pois nele trabalhava o não menos famoso, mas incrível\indiscutivelmente sábio – duma sabedoria sem precedentes e, infelizmente, sem predecessores – Doutorzinho Nariz Amarelo.
Pois na planície existia a “Vila dos corações que sofriam, mas que, felizmente foram consolados”. Por ser um nome por demais extenso, era conhecida pelo nome de VICOCONSOL.
DOZI NIZAMEL, o doutorzinho, compra dos vicoconsoles pedrinhas. Pedrinhas que sejam um tanto incomuns. E porque DOZI NIZAMEL compra pedrinhas? É que ele pesquisa as estruturas dos minerais. Aos sábados, sempre pela manhã, os habitantes vão até a colinazul com pedrinhas achadas. DOZI NIZAMEL, cuma rápida (e profundamente entendida) olhada, descarta a maioria e fica com uma ou outra pedrinha.
Pois o que interessa tudo isso? Descobriu algo o Doutorzinho Nariz Amarelo, praque nos detenhamos em detalhes de sua vida\vila? Sim, ele descobriu!
Ele descobriu que os minerais possuem sentimentos! Sim, isso mesmo! É difícil de acreditar, porém, quando pesquisas demonstram que os vegetais possuem esse tal de sentimento, o que poderia levar a crer que esse mesmo sentimento não pudesse estar presentes nos minerais? Sim, o que? Nada, né mesmo? Claro, é lógico que se pensarmos que as pedrinhas não possuem essa ‘coisa’, + fácil é para nós assim, pois temos que pisá-los e utilizá-los das + bárbaras formas possíveis. Então, se elas não sentem, que bom, né? Bem, deixemos DOZI NIZAMEL contar-nos o que ele descobriu.
- Senhores, nada de perda de tempo! Direto ao ponto: As pedras sofrem! Como? Bem, isso ainda requer muita e muita pesquisa. Mas o certo é que os minerais tem sentimentos. Bem, deixem que eu lhes conte o que aconteceu. Após muitos testes e pesquisas, intui que os minerais tinham uma espécie de comunicação entre si. Estudando, meditando e queimando meus privilegiados neurônios, cheguei a construção de um pequeno engenho que me permitiu captar e, pasmem! Entender os sinais comunicativos das pedrinhas. Sim, isso mesmo! E que fiz então? Escolhi algumas variedades de minerais, tais como: ferro, alumínio, etc... A medida que ia conseguindo + variedades, as introduzia numa espécie de aquário que havia montado e que reproduzia uma situação ambiental: um rio, terra, vegetação, pequenos animais, etc... Relatarei agora as conversas. Atuarei como narrador para a melhor compreensão de nomes e situações.
É manhã. O sol bate no aquário. A Pepita de Ouro Orgulhosa, assim mesmo chamada pelos habitantes do lugar (que por sua vez era chamado de REI MIRAL, ou Reino Mineral), acorda sonolenta e boceja. Olha pra perto do rio e vê a Pelota de Ferro abraçada (e ainda dormindo) ao Cobre Tóxico. É lógico que já imagina como COTOX pode estar com alguém tão ralé com PLERR. Na verdade, refletindo um pouco, percebe o quanto COTOX é ralé.
- É, pensa POO, se merecem! Mas mesmo assim, ela, que se acha a maioral, a gostosona, pensa em tirar COTOX de PLERR. Nisso, avista (a nobreza acorda cedo, saibam) o Diamante Azul e esquece os ‘fúteis’.
- Olá, DIMAZ!
Ele reconhece-lhe a voz e sorri.
- Ah, olá, POO!
Ah! Mas o que estamos fazendo!? Minerais da superfície não devem interessar. Minerais da superfície são muito ‘humanizados’. É necessário descer às camadas do subsolo para ter uma imagem + pura desses ‘seres’. Vamos até lá então. Aqui mesmo, no aquário existem camadas (submetidas previamente à uma pressão) de minérios, as + variadas possíveis. Desçamos, porém, pouco ou nada mudam os nomes.
BOO, a Barra de Ouro Orgulhosa, está num difícil momento de sua vida. Pensa:
- Que bom viessem homens e me tirassem do convívio mútuo de toda essa gente que me rodeia. Obrigada sou a tomar café matinal ao lado dum fraco sem vontade como o Alumínio Dobrável. ALDOBE é mole, e eu obrigada a conviver lado a lado. Mas isso nem é o pior. Agora, nem mesmo o meu ídolo maior (que ainda não conheço de todo) bota calor sobre mim, já tenho que cumprimentar essa jararaca ralezenta, essa PLERR.
A Pelota de Ferro vai caminhando ( não perguntem como) e cumprimenta BOO:
- Olá BOOZINHA querida, como vai?
- Mmmmmm...oi, grunhe BOO. “Boozinha”, mas não é a própria escrota? Putz!
+ adiante, a companheira de chá-das-cinco, a Platina Agonizante, acorda e diz:
- Bom dia, sol que nunca vi. Bom dia prati.
PLATÂNIZ, com suas poucas (e baixas) palavras, acorda a Prata Demais Linda, que levanta disposta\sorridente, pois hoje ira namorar com o Diamante Azul.
-Olá, olá, PLATÂNIZ!
- Ah....oi, PR....PRAT.....PRATALDE..
- Que merda! Já disse: é PRTLD!! Compreende inglês?? P!R!T!L!D! PRDL!
A infeliz PLATÂNIZ desculpa-se e tenta murmurar o nome, mas não sai nada.
- Ah, tudo bem! Não quero me enervar. Agora vou ao encontro do gatão DIMAZ!
PLATÂNIZ are a boca, surpresa.
-DIMAZ?! Mas ele não ta com a BOO?
- Boo?! Que BOO?? Ele ta com PRTDL! Entendeu?? PREDOL, proce que não entende.
Diz isso e vai embora de queixo em é.
PLATÂNIZ, como BOO, deseja conhecer o sol, Não entendia os seres do REI MIRAL que pensavam em coisas mesquinhas, como o Mercúrio Indignado, por exemplo. MERDIGO tentava de tudo que era forma transformar-se em sólido. Mápraque?! A que isso o levaria?
Era engraçado, lá em cima um sol e a maioria dos habi, pensando em mesquinhezas. As exceções era ela, BOO e a Esmeralda Infeliz. BOO, apesar da arrogância, desejava muito conhecer o sol, e SMERDLIZ, que como ela, sentia-se oprimida ali naquele mundo escuro, frio e apertado.
PLATÂNIZ e SMERDLIZ, apesar de nobres, não ligavam prisso. Ah, como sonhavam com vulcões, como sonhavam...
Bem, senhores ouvintes, não há porque prosseguir. Vedes que mesmo na + remota e oprimida camada de nossa Terra, os seres tem sentimentos humanos. E porque isso? Será porque o sol é pai de todos e a água a mãe? Será que porque o Universo é um imenso útero? Será que é porque o que importa, na verdade, é sair pra fora? Isto é, sair de dentro d enpos, sair pra fora desse eterno útero e procurar? Será que... Não importa. Em verdade vos digo: não importa.
Mas, a partir de hoje, tome cuidado. Grãos de areia podem ser amigos, quando julgar-mo-nos solitários. Mas a partir de hoje, onde pisar sem magoar? Pensem...