C I F R U D E
C I F R U D E
-cidade das frutas em desenvolvimento
- 12 de abril de 1991 9 horas da manhã
Na região do VATAQ ( o Vale do Taquaral Queimado) existe uma pequena cidade chamada CIFRUDE. O VATAQ era, no passado, um extenso taquaral que acabou sendo devastado para a implantação de lavouras (imensas!) de frutas. Uma dessas lavouras está na cidade de CIFRUDE. Nunca se soube bem quem iniciou as queimadas, e muito menos de onde vieram as mudas das fruteiras (apesar de ter-se aberto uma vasta-detalhada-apurada e concisa CPI – Comissão de Porcos Investigadores). Bem, dito isso, resultou que alguém mantém as cidades do VATAQ (não antes sem tirar uns bons trocados, em troca dessa ‘manutenção’).
CIFRUDE tornou-se polivalente, ao contrário de certos locais, onde apenas um tipo de fruta foi implantada. Em CIFRUDE vicejam inumeráveis espécies.
Esse relato tem por fim analisar o comportamento de alguns dos habitantes dessa ‘próspera’
Cidade, qual não sejam, as próprias frutas, Vejamos...
- Verão, verão! Mil drogas!!!! (Assim berra BAPSI, a BAnana PSIcótica).
- Ora, ora, mas pra que isso, BAPSI? Pergunta FIGLEB, o FIGo Legal Bonzinho.
- Ah, você não sabe?
- Bom, não sei não. Porque isso?
- Sr, FIGLEB, sei que o Sr. É um carinha muito compreensivo, por esse motivo vou tentar acalmar-me e explicar-lhe a situação. Veja minha cor. Que lhe parece?
- Ora, é um amarelo bonito. Eu diria....único!
- Pois é isso, FIGLEB! Esse porcaria desse sol fica o dia inteiro em cima de mim e esse lindo amarelo vai se gastando!
- É, realmente o sol é muito inclemente. Porém, se não fosse o ele, você também não iría adquirir esse lindo amarelado.
- É, eu sei. E isso é que me tortura. Havia uma a solução: Quando eu estava verde, poderia ter me escondido por entre as folhonas da bananeira e ficar bem escondidinha no escuro.
- Pra que, BAPSI?
- Ora, o Sr não sabe que no escuro também pode-se adquirir um lindo colorido?
- Mas então...
- Sim, sim....mas é um colorido artificial, sem qualidades. É uma cor irreal.
- É , realmente ce ta numa situação difícil. Mas, pensando bem...porque cê não vai agora para a sombra? Isso, BAPSI! Ce já tem a cor que quer. Vá pra lá!
A raiva de BAPSI vai-se e no lugar instala-se a tristeza. Diz, desconsolada:
- É, eu pensei nisso. Mas eu tenho medo do escuro. Minha prima, que era chegada numa escuridão, me disse que a gente acaba ficando com umas manchas escuras e que, com o tempo, ficamos totalmente escuras!
FIGLEB realmente é um sujeito compreensivo e tenta achar uma solução para a sua amiga BAPSI.
- Olhe, talvez ficar ao sol não seja tão ruim. Pelo menos ce ta vivendo sem medo, não é?
- Ai, ai.....é verdade. Mas no escuro minha cor duraria mais. Ai, ai....
- Ora, quem é que pode garantir isso?
- Oh, amiguinho! Eu vi! Eu vi a priminha, durou um tempão a sua cor....depois ela ficou toda....pretinha.....ela tava mortinha!
- Mas então, BAPSI, se ela tava morta, que importa o resto?
- AH, mas é horrível...eu tenho horror ao escuro...horror...
- Bem, ce poderia ser congelada. Sabe disso?
- Sim, mas aí, quando me degelarem, de qualquer forma, eu ficarei escurecida. Meu amarelo..meu lindo amarelo....
FIGLEB vê que BAPSI chora, então vai embora...
Bem, continuando o nosso relato para bem conhecer o temperamento de alguns cidadãos de CIFRUDE, passaremos a analisar outra conversa entre 2 elementos nativos do VATAQ: CABOC, o Caqui BOCudo e LAJCY, a LAranJa ChIque.
- Oh! Bom dia madame LAXI! Exclama CABOC.
- hummmm, pensa LAJCY, esse meia-tigela! Nem o meu nome sabe pronunciar. Mas meu marido, LIAZ, diz “temos que agüentar CABOC, pois ele é um bom informante”.
- Oh, bom dia, Sr. Caboc! Permita-me a delicadeza de corrigir-lhe. Meu nome pronuncia-se assim: L-A-J-Q-Y.
- Ah sim, claro! Que falha a minha. Desculpe-me madame...LAJQUI?
- Ora, está bem Sr CABOC, deixemos isso de lado. Mas e quanto as novidades?
- Ah sim! Muitas! Veja a senhora que o preço da banana está declinando assustadoramente nos mercados ALÉM-VATAQ!
- Ah, sim!? Exclama, uma tanto contente, LAJCY.
=- É, e parece que as senhoras bananas tão querendo armar um boicote.
- Boicote?
- Sim, sim! Tão pensando em atrasar o amadurecimento. Sabe como é,menos oferta, preço melhor...
- Claro, claro, sr. CABOC. Ora, ora, então quer dizer que aquela esnobe da BAPSI (ai, que nomezinho fútil!) vai ter que acalmar a sua prepotência, hein?
- A minha prepotência? Mas...
- Não, Sr. CABOC! A prepotência dela!
- Ah, bom...
- Bem Sr. CABOC, ótimos informes passou-me o Sr. Mas agora devo ir-me. Até mais.
- Ah! Madame LAJCHI! Eu precisava de uns ‘trocados’. Sabe como é, tenho que comprar corante vermelho e outras necessidades.
- Claro, Sr. CABOC! Porém, eu não trato desse ‘detalhes’. O Sr. Procure pelo secretário de meu marido, lá em nossa Processadora De Sucos.
- Sim, sim! Eu irei! Tchauzinho madame LAJCHI!
CABOC corre em direção à PDS.
- Humpft! Sujeitinho à toa...pensa LAJCY.
Certo. Para encerrar essa visita por dentro dos papos (informais ou sigilosos) de alguns dos moradores da região da VATAQ, mais precisamente da cidade de CIFRUDE, vejamos (ouçamos) o diálogo de mais 2 frutantes (habitantes de CIFRUDE).
- Ora, ora! Como tens passado Vossa Cifrudência, Excelentíssimo Sr LIAZ?
LIAZ olha para ULSTER e pensa: “Che strucon ghe daria em chesta bizertolla!”
- Vou bem, Sra ULSTER! Que deseja?
- Ora, ora Sr. LIAZ, apenas estava passeando nessa maravilhosa manhã que Deus nos deu (e a Pátria conserva) e pensei em visitar um tão imaginativo, invulgar, próspero e fascinante empresário!
“Ah! No credo mia!!!!” pensa LIAZ.
- Sim, sim, Sra ULSTER!! Mas estou um tanto atarefado! A Sra. Deseja mais alguma coisa?
- Ora, ora...claro! Eu vim mais precisamente para saber sobre essa baderna! Essa grevezinha subversiva! Como está indo??
“Má lé próprio na cagna!”, pensa azedamente LIAZ, o Limão Azedo.
- Olhe, Sra. Uva Legal-Social Trabalhadora-Exemplar Religiosa, tudo está sob controle! Não se preocupe! Foram despedidos todos aqueles ‘subversivos’, como diz a Sra., e contratados uma leva de Pepinos lá da VILa dos Hortigranjeiros Empreendedores e Realmente Meramente ‘Empregadinhos’. Tudo resolvido a melhor maneira! Ao invés de prejuízo, L U C R O !
- Ora, ora, mui digníssimo empresário (LUZARTONA!, pensa LIAZ, com vontade de esganar ULSTER), então o Sr. Contratou Pepinos de VILHERME? Muito bem, parabéns! Mas, caso não seja inoportuno perguntar tal coisa, donde vem o lucro?
- Simples, Dona ULSTER! Pago meio salário aos Vilhermezes, pois com é sabido, em VILHERME há uma terrível crise e um grande desemprego. Aí já tenho um bom lucro, não é? E, depois, logo que um Pepino se canse e não possa mais trabalhar, eu o ‘convido’ gentilmente a ‘participar’ da Fábrica De Pepinos em conserva. E a FDP é uma nova unidade da PDS e ali, os Pepinos que não puderam mais trabalhar, terão um bom destino. Bem, agora devo ir, até mais, Sra ULSTER!
ULSTER vai indo toda contente do progresso de sua terra. Agradece a Deus por ser uma CIFRUDINA.
-“RUETINA!!” Exclama LIAZ, numa explosão.
Encerramos a pesquisa dos tipos CIFRUDINOS. Conclusões a cada um compete.
Dialeto italiano:
RUETINA – Porquinha
LUZARTONA – Lagartona (Fêmea do lagarto)
Má lê próprio na cagna! – Mas é uma cadela!
Che strucon ghe daria em chesta bizertolla! – Que apertão daria nessa minhoca!
Ah, no credo mia! – Ah, não acredito!
ULSTER – Irlanda no Norte.