ANIBAL, O CANIBAL COM CLONE

ANIBAL, O CANIBAL COM CLONE

Esforço-me para dormir e não consigo. Mudo o canal da TV o primeiro canal que vou repetia o filme do acidente aéreo dos Andes onde para sobreviver os remanescentes alimentam de carne humana congeladas, nesse caso de colegas, paqueras de ficar e

parentes. O negócio já que estavam vivos era permanecer assim.

Mudo de canal onde se exibia o filme com Antony Perkins, Aníbal o Canibal.

No final do filme quando ele foge da prisão e muda-se para o Rio de Janeiro, ainda o vejo dançando aquele samba vestido de inocente malandro carioca, onde não convence ninguém com aqueles passos fajutos de inglês.

Derrepente me vejo no IML de Goiânia fazendo um exame de uma agressão que eu havia sofrido. O médico que me atende usa máscara e conversa com sotaque de estrangeiro. Finalizado o procedimento ele me convida para irmos a uma boate com um amigo dele. Ambos não retiram a máscara, mas vamos fazer o nosso programinha.

O médico que me atendeu sai para dançar com uma linda garota morena e demora muito para voltar.

O outro médico me diz ao pé do ouvido:

- Não sei porque ele saiu com uma viva? Não é a nossa.

- Mas como não é a nossa?

- É porque nós somos necrófagos. Só gostamos de cadaveres. Mulher viva não é a nossa.

Como trabalham no IML julguei ser uma brincadeira.

Não entendi nada, mas fiquei com aquela cara de bundão que sabe tudo.

Bem de madrugada ele retorna à boate e vai sentar junto conosco perguntando:

- Tudo bem?

- Tudo bem. Respondeu o colega dele desconfiado me olhando. O cheiro de anestesia impregna o ar se denunciando os poucos que ali estavam.

Vejo movimentos de policiais procurando alguma coisa. Ele também vê e procura uma moça para dançar. Ao sermos abordados pela polícia eles mandam que o médico que estava sentado em minha cománhia tire a mascara o que ele faz mostrando a credencial do IML.

Após ele se identificar um policial fala:

- É isso sua roupa deve estar impregnada de formol ou anestesia. O que ele confirma perguntado:

- O que houve?

- Um crime hediondo com uma bailarina daqui. Levaram-na a um motel. Anestesiaram-na e a comeram.

- Tudo normal motel é para essas coisas, falei.

- Não é essas coisas, devoraram parte de sua face e ela está lá no Hugo viva mas com o rosto todo desfigurado.

Olho para a pista de dança e vejo os dois médicos sem máscara e o guarda-pó branco e usando aquela roupa de carioca mal ajambrado ambos dançando no meio do salão. Deu tempo ainda de reconhece-lo é Antony Perkins e o outro médico é seu clone. Ao ver o reboliço de policia em minha volta eles usam uma saída lateral para fuga.

Então me pergunto baixinho:

- Aníbal, o Canibal com um clone em Goiânia? Pode?

Goiânia, 28 de novembro de 2008.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 29/11/2008
Reeditado em 25/04/2009
Código do texto: T1309128
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