FUGA PARA O FUTURO!
FUGA PARA O FUTURO
19 de novembro, 1993
“Beds are burning”
Midnight Oil
O pastorzinho pobre e parcialmente parvo,
Vende seu rebanho de cabras.
Com o dinheiro, compra um poderoso sonífero.
Praustrália!
Porque essa terra é o próprio mistério e sedução. O inferno e paraíso e a própria vida e morte.
Porque a Austrália...
..é um lugar que, possivelmente ele nunca irá conhecer. Pois é ali que deve ir seu sono/sonho.
O pastor entra em convulsão, motivada por uma chuva de meteoros –que mais pareciam vagalumes astrais- que lhe atravessa o corpo.
Ele chora e ri ao mesmo tempo. Todas suas mágoas são vomitadas ao cosmo e transformam-se em cometas ácidos. Pois é, a Austrália é agora, a abóbada.
Uma outra estrela, que não o tal sol, queima-nos (nesse momento, junto-me ao pastor) os cabelos e ficamos iguaizinhos ao careca do ‘midnight’ e tão diferentes dos carecas fedorentos.
Com uma prancha feita de uma boa árvore da Amazônica floresta, deslizamos velozes rumo além láctea!
Queimando, queimando, queimando o firmamento!
Queimando tudo que cruze nosso caminho!
O que importa é estas vivo e queimar!, queimar, queimar!
Queimar tudo o que seja delicado, doce, bruto ou ácido!
Tudo queimar!
E só pra seduzir-se com o brilho de tal fogaréu de astros! E quanto mais escuridão for surgindo em nossa deslizante viagem, tanto bom é, pois mais clarões andaremos a fazer e queimaremos, queimaremos e queimaremos o firmamento!
E, não obstante cegos de tanta farra de fogos, continuaremos a incendiar, pois outros viajantes tem muito a aprender e apreciar de nossa cavalgada astral!
Em certo tempo – do quase eterno sono do pastor acabar,
- e de minha imaginação delirosa cansar-se –
estaremos vazios e carcomidos, mas ainda restará a penúltima força para um fósforo acender...