Guerreiro perdido.

Ele adentrou a clareira, com passos incertos, sentindo em seu intimo a sensação de estar louco.

A lua cheia penetrava a clareira, dando ao lugar um ar quase místico, ele sentia o corpo doer, a respiração parecia lhe causar um forte incomodo, o sangue escorria de seus lábios em um filete fino e rubro.

Ele leva à mão a cabeça, como se tentasse compreender os acontecimentos daquela fatídica noite, as lembranças vinham em sua mente e sua expressão era de puro tormento.

Quando enfim ele escutou o som do rio que deveria estar mais adiante, esforçou-se para manter seus passos firmes.

Ele então olhou para o céu e a lua parecia observar seu sofrimento ao lado de sua platéia de estrelas brilhantes e fugazes.

O vento acariciou sua face ferida, ele então vislumbrou na margem do rio, seminua, pois se não fosse por um delicado tecido branco que lhe cobria o corpo ela exibiria por completo todo seu sexo.

Ele piscou varias vezes como se tivesse vendo algo impossível, ela tinha pele alva como à neve, os cabelos negros lhe desciam como uma cascata rebelde, sua face era perfeita como se os Deuses tivessem esculpido cada centímetro, os olhos eram duas pedras de fogo etéreo e os lábios de um vermelho luxuriante.

Ele não conseguia se mover,ela lançou um olhar em direção a seu espectador e serenamente se levantou,caminhando até ele e sorrindo acariciou a face do pobre guerreiro.

Ele sentiu seu corpo queimar com aquele toque, em toda sua vida nunca se sentiu assim antes.

Quando ela beijou seus lábios, foi como se uma brisa quente lhe tomasse o corpo,era como se suas feridas não mais doessem e ele não recordasse de dor ou tristeza.

Nos braços dela, ele se sentia protegido e capaz de fazer qualquer coisa.

Ele entregou-se em silêncio a aquele anjo, sem imaginar que ela era a senhora da morte que decidira levar consigo o valoroso guerreiro que nem imaginava estar caminhando nos vales etéreos dos espíritos que acabam de desencarnar.