"Natal de saudades..."


 
Ei! Olhe aqui!

Feliz Natal pra você, meu mais igual e meu mais semelhante!

Feliz Natal!

É, é com você mesmo que estou falando!

Você, cuja vida lhe bateu e ainda está lhe batendo muito neste ano,

e que, infelizmente,

vai continuar lhe batendo o ano que vem!

Que teve seus mais lindos sonhos de amor desfeitos e

suas aspirações se tornaram nada!

Que perdeu irremediavelmente e para sempre a sua amada!

Que foi obrigado a renunciar!

Que foi obrigado a se calar e,

que ainda vai beber muito desse cálice de amargura!

A você meu parceiro, quero lhe convidar!

Vem...

Puxa uma cadeira pra essa mesa, senta aqui comigo e vamos conversar!

Vamos pedir uma bebida forte, daquelas que arrancam nossas lágrimas de

homem lá de dentro do peito


e trazem-nas cá pra fora.

Daquelas que, depois de cada gole, ao respirar, o coração vem junto.

Vem! Assim é feita a vida. Senta aqui agora!

Olha bem,

nesta mesa tem cinco copos. Um é meu, o outro é seu e aquele terceiro copo ali

no meio meu amigo,

vai ser pouco pras minhas lágrimas... que dirá para as suas.

Mas não tem problema não, quando ele encher a gente pede outro!

Vem,

vem pra minha companhia,

desta garrafa de bebida e destes cinco copos.

E você está vendo... aquelas duas cadeiras vazias?

É... Eram pra elas...

e os dois copos também...

Que judiação, elas não estão aqui...

E você sabe... ái, ái, ái... elas nunca virão...

mas estarão pra sempre, no nosso coração...

Pior, e com os outros homens delas também (pra sempre...)

Nossa! O que foi acontecer com a gente...

Mas é melhor nem falar, senão eu nem consigo conversar...

Só chorar!

Então, conta pra mim as suas dores que depois lhe conto as minhas!

Fala da sua vida!

Se abra...

Põe pra fora essa ferida que lhe mata, que faz a sua alma tão sentida.

Com certeza ela lhe dói muito, como me dói a falta dessa mulher que eu tinha!

Fala do seu amor, suas desventuras e de como você a perdeu!

Conta o que você já sofreu, e

o que lhe faz marejar os olhos, que lhe embarga a voz e o que lhe faz chorar a sós.

Conta pra mim...entre um copo e outro...

o que o destino fez com você, que eu lhe conto o que ele fez comigo!

Chora comigo, que eu choro com você meu amigo!

Vamos nos irmanar em nossos sentimentos, tão doloridos e tão sofridos!

E depois de alguns copos, quem sabe, nós dois já não estejamos rindo,

gargalhando,

um da desventura do outro,

cheios de razão, alegres e falando alto.

E antes da embriaguêz definitiva, nos

despediremos.

Nos abraçaremos e ensejaremos coragem e felicidade um ao outro.

Nos desejaremos também, "Boas Festas", como faz aqui, todo esse povo.

Depois de um forte aperto de mão, seguiremos nossos caminhos,

conosco ensimesmados e acompanhados da nossa maldita dor,

cada um para o seu lado, para chorar no nosso canto,

na meia-noite do Natal e na passagem do Ano Novo...

com a lembrança delas, (e sozinhos)

como todo santo dia... de novo...

Athos de Alexandria - 23-12-2008
 
Athos de Alexandria
Enviado por Athos de Alexandria em 23/12/2008
Reeditado em 21/12/2010
Código do texto: T1350045
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