A jornada- I Parte

Em meio uma clareira, onde ás árvores verdejantes se movem seguindo o som do vento, a terra macia e coberta por folhagens se fundiu a grama criando um tapete natural.

O som do riacho, o doce canto das aves, o céu azul e suas nuvens que criam inúmeras formas faziam alguém naquela clareira esquecer que havia um mundo além daquela floresta.

Caminhando devagar, sentindo o cheiro da mãe terra, penetrar suas narinas ele parecia devorar o ar com grande voracidade e inocência.

Os cabelos castanhos escuros caiam em sua face como uma cascata marrom rebelde, seus olhos castanhos eram diferentes, vibrantes sua Iris ao receber a luz intensa do sol ganhava um brilho avermelhado, seus olhos redondos lembravam os de uma criança, seus lábios carnudos e bem feitos eram convidativos.

A pele levemente bronzeada, coberta apenas por um tecido marrom e pouco trabalhado, exibindo as formas de um corpo de mulher, ela movia-se com um ar felino e nem imaginava que perto dali alguém viria ao seu encontro.

Ela caminhou por uma trilha, aproximando-se do riacho e usando a mão em forma de concha, solveu o liquido gelado, com prazer e em muito tempo seus sentidos tão aguçados não perceberam algo.

Um zunido rompia o ar, atingindo uma árvore e logo um estrondo, ela nunca havia visto aqueles seres, eles eram corpulentos, sua aparência lembrava um ser humanóide, mas suas peles e sua feição tinham escamas verdes.

O seu odor desagradável fez à jovem emitir um grunhido, ela sentia seu coração apertado e pela primeira vez conhecia o medo.

As criaturas exibiram suas presas e era como se estivessem rindo da jovem, um deles envergou seu arco negro e mais uma vez uma flecha atingia uma árvore, sem olhar par trás ela correu o mais rápido que suas pernas permitiam.

Ela não sabia o que fazer, há tanto tempo vivia naquela floresta, ninguém nunca se aproximara dali e muito menos compreendia o que aquelas criaturas queriam.

Antes mesmo que pudesse reagir uma flecha rasgava o ar com violência e ela apenas sentiu as mãos pegajosas de uma das criaturas em seu pescoço, ela começou a se debater, mas era inútil.

Ela queria gritar, mas sentia sua voz presa em sua garganta, as criaturas começaram a atear fogo nas árvores, destruindo tudo a sua volta e um deles se aproximou da jovem, os olhos dele eram como os de uma serpente pronta para dar o bote.

Ela sentia que algo ruim iria acontecer, a criatura falava uma língua estranha,que assustava a jovem que mais uma vez se debatia,parando apenas quando foi arremessado ao chão com brutalidade, sentindo seus ossos doerem.

Eles a cercaram, suas feições grotescas, seu odor era nauseante, ela se arrastou ate uma árvore ouvindo os sons que pareciam ser a gargalhada de um demônio em frenesi.

Ela não sabia o que era rezar, mas, se soubesse certamente aquele instante era o momento de rezar.

Mesmo que não estivesse pedindo os céus ouviam ou viam que aquela jovem não morreria ali.

O vento se silenciou, ás árvores parecia ficar sem vida, o riacho não emitia som e a terra parecia ter parado seu giro.

O som cortava o ar com fúria e ao mesmo tempo com uma beleza fatal, ela via e não creditava em seus olhos.

Usando uma couraça de metal reluzente como a própria lua, empunhando duas grandes laminas de metal que emitiam um brilho azulado, ele era alto, notava-se sua constituição e mesmo assim movia-se com uma maestria invejável.

As criaturas tombavam ao chão, virando um monte de cinzas que o vento carregava silenciosamente e quando a última tombou ele parou diante dela, estendeu a mão coberta por uma luva de metal gélido.

Ele escondia sua face em um elmo tão bem trabalhado, ela pode notar que aquele ser emanava uma aura de bondade, força, gentileza e tantas outras coisas que ela não conhecia.

Ele tinha os olhos cor de terra, exibiam um brilho sedutor, que deixou a jovem corada quando aceitou a mão dele, que a levantou sem dificuldade alguma e em seguida ele falou com uma voz rouca e doce.

_Milady, está segura agora e diga-me se está ferida?

Ele a olhava e ainda não havia retirado o elmo, ela não sabia como responder, limitando-se a negar com a cabeça o que ele perguntava nesse momento ele assobiou e surgindo entre os arbustos um grande animal de pelo negro, caminhar imponente e o homem caminharam até ele voltando em seguida com algumas ataduras e uma pequena sacola contendo ervas.

Ele se aproximou da jovem, retirando o elmo, exibindo uma feição bela e marcante.

A pele branca, os olhos marcantes, os cabelos negros soltos em desalinho até seu ombro, os lábios sempre pareciam expressar um sorriso e uma pequena cicatriz acima do olho direito.

Ele não sabia por que mais aquela jovem mexeu com seus instintos protetores de uma forma tão instigante que não conseguia parar de olhar para ela.

Ela se recostou mais no tronco de uma árvore, observando as chamas sumirem sem qualquer ajuda, aquele lugar guardava uma mágia antiga ou seria aquele estranho responsável pelo fogo dissipar-se.

Ele tirou as manoplas de metal, suas mãos eram grandes e tão bem feitas, ela olhou para elas sentindo-se maravilhada pelas sensações que o toque dele lhe causava.

Ele espalhava as ervas delicadamente, elas tinha um aroma exótico, ela relaxava com o toque gentil dele, nem notou que o vento cantava uma canção diferente, era como se natureza já soubesse da vinda daquele estranho.

A noite caiu, uma fogueira assava a carne que ela trazia em sua bolsa, cheirando tão bem que ela sentia o estomago revira-se de ansiedade, ele lhe oferecera algo doce, eram como pequena pedrinha com um sabor delicioso, mas o animal que estava com ele exigia pelo menos uma com seus olhos negros, que ela não pode lhe negar, e descobriu que se tratava de um cavalo de guerra muito especial.

Seu dono o cariciava com carinho e o animal retribuía com vários sons animados.

Quando finalmente a carne assou como o estranho queria, ele deu o melhor pedaço a jovem, que comia vorazmente sem nenhuma educação o que fez o estranho adorá-la ainda mais.

Quando ele deu por si sentia seu coração apertado, ela adormeceu sem nada dizer, nem os nomes um do outro eles sabiam.

Ele se aproximou dela, cobrindo seu corpo com uma manta quente e em seguida contemplou a lua cheia no céu pensativo e sem saber o que os Deuses lhe reservavam.

Será que mais uma vez a vida de alguém estaria em suas mãos?

Será que ele estaria pronto para ser novamente o protetor de um inocente?

Apenas o tempo diria isso e talvez o alvorecer o afastasse daquela floresta, mas ele seria capaz de esquecer aquele rosto?

Se isso termina aqui apenas os Deuses sabem...

Bêlit
Enviado por Bêlit em 30/12/2008
Reeditado em 06/01/2009
Código do texto: T1359839
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