Tenho tua pele traduzida

Aqui em minhas mãos

(inspirado no poema: Adorável Obscena, de Marcos Oliveira)

João Mário passou meses falando com Gabriela pelo computador e pelo telefone, até que um dia eles decidiram se encontrar ao vivo.

Com um receio enorme de a amizade gostosa estremecer depois do encontro, Gabriela combinou de ambos continuarem a falar o que sentiam, mesmo que viessem a magoar um ao outro.

O encontro seria num posto de gasolina bem movimentado, próximo ao bairro onde Gabriela morava.

No caminho, João Mário romântico, comprou flores e acabou chegando adiantado.

Quando se olharam pela primeira vez tiveram uma sensação de ansiedade e ao mesmo tempo de saudade, de quem há muito tempo não havia se tocado.

Ambos tiverem dificuldade em falar alguma coisa. Olharam-se por alguns minutos que pareciam infinitos.

Até que João Mário soltou o primeiro som: nosso silêncio diz das nossas promessas.

Confesso que te quero minha se me quiseres teu. Sei que pareço obsceno, mas agora que te vi. Sabendo do tanto que te desejei, eu só quero prosseguir tentando o teu querer por mim.

Gabriela então falou: Teus lábios responderam o meu silêncio.

Eu quero ser como o perfume das flores que seguras. Para que sintas o meu gosto num carinho demorado... Quero minha pele traduzida em tuas mãos.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 13/06/2009
Reeditado em 13/06/2009
Código do texto: T1646658