Um conto de fadas

Hoje eu acordei como todos os dias. Levantei da cama, estava um frio insuportável, mas tudo bem. Fui para o banheiro tomar banho e escovar meus dentes. Troquei de roupa normalmente para ir ao trabalho, coloquei um perfume suave que gosto de usar diariamente e fui para a empresa. Isso sem perceber que algo esperneava dentro do meu peito como se quisesse me dizer alguma coisa, mas nem dei importância, afinal de contas, poderia ser apenas stress por ter acordado tão cedo.

Trabalhei o dia inteiro sem reclamar de nada. Muito serviço, muita gente querendo alguns comprovantes financeiros, outras, declarações de tempo de serviço, enfim, fiz o meu serviço bem feito e todos saíram dali com uma satisfação maior do que a minha. O engraçado é que quando eu via as pessoas indo embora da minha sala eu conseguia sentir que delas saia como uma espécie de vitória ou como se uma porta se abrisse para essas passarem adiante e realizarem a maior ação de suas vidas. E o melhor disso tudo era que estava sendo eu o promotor disso tudo. Terminou a minha jornada diária de trabalho e fui para minha casa, morto de fome e com vontade de ver Andreza para contar-lhe daquilo que estava se inquietando cada vez mais no meu peito. Quando completou às duas horas da tarde peguei minha bicicleta e fui para casa da minha amiga. Ao chegar, dei aquele abraço que a dou todas as vezes que nos encontramos. Convidei-a para ir para minha casa por conta que sua mãe e seu padrasto estavam em casa e eu não iria me sentir bem em conversar coisas da minha vida na frente deles. Ao chegar à minha casa assistimos a um filme, “A VIDA É UMA VIAGEM”. Esse contava a história de três amigos de infância que nunca se separaram, etc. Ao terminar o filme eu soube exatamente contar a ela o que se passava dentro de mim. Sentamos no coreto da minha rua para não tomarmos chuva. Puxamos o banco de praça que se encontrava lá dentro e sentamos virados para a serra de Taquaritinga do Norte, uma cidade belíssima que fica perto da minha. De início, disse que estava meio triste e ela disse que também estava. Ela começou a explicar certas teorias próprias de algumas origens de sentimentos que alguém como nós (poetas) poderíamos sentir. De cara concordei com todos, afinal de contas era verdade tudo o que ela relatava. Aí eu disse que ainda andava gostando muito do meu ex-amor e que todos os dias, quando acordava, ia tomar banho, escovar os dentes, tomar café, dormir, enfim todas as minhas ações me lembravam dos momentos bons que tive ao lado do grande amor da minha vida. Aí foi quando ela disse que acreditava que seria assim por muito tempo. Pra sempre iríamos deixar pessoas apaixonadas por nós e que elas nunca permaneceriam, pois elas não nos viam como um acontecimento real. Éramos como gnomos, como contos de fadas. Fiz uma comparação do que tinha acontecido comigo nos últimos dois anos e vi que aquilo tudo fazia o maior sentido. Fiquei com medo.

De repente me veio à certeza daquilo que agora já estava evidente do meu coração, desespero por nunca mais poder dizer ao meu amor que eu ainda estou perdidamente apaixonado, amando loucamente. Uma lágrima escorreu e a escondi para ela não ver e não ficar triste por mim, mas era aquilo mesmo. Durante dois anos não passei de um conto de fadas para alguém, uma fantasia que se apagaria com a chegada do dia, um duende que encantava visões apenas com algumas mágicas bobas. Não passei de ser um conto de fadas! Imaginei se realmente as coisas precisariam ser assim mesmo e logo me veio em mente que as fantasias não podem tomar conta da realidade e que por mais que chegasse a amar alguém de novo tudo poderia ser exatamente igual, pois nem todo mundo acredita em fadas ou gnomos.

Lucas Arruda
Enviado por Lucas Arruda em 09/07/2009
Código do texto: T1690078
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