UM CONTO

UM CONTO.

Na linda estrada que vai para Belo Rio, eu estava. Sentia-me como se estivesse morta, morta pela vida. As pernas pesavam-me, o Sol ia e pondo e eu estava com os olhos fechados. De repente ouvi uma buzina de caminhão, era um jovem quem dirigia. Ele me chamou pra dentro, e, não sei como entrei no veículo.

Já no caminhão conversava com o motorista que muitas vezes me cantou, mas eu sempre mudava de assunto, mentindo que já era casada. Ele me disse que sua mãe tinha uma pensão em Belo Rio, então decidi ficar lá.

Na cidade, o jovem estacionou defronte a uma casa velha, pobre, pobre como eu me sentia. Entramos, havia algumas pessoas no refeitório e na cozinha estava uma senhora gorda, de cor, com duas moças. A mais jovem era loura, enquanto a outra, morena. Luis apresentou-me-as dizendo que eram sua mãe e duas irmãs. Até então eu não havia entendido como, só pude compreender quando ele me explicou que eram filhos adotivos daquela mulher. Explicou também que a pensão era pequena, com apenas dois quartos, e que dormiam amontoados.

Naquela noite dormi ali mesmo. Dormi na sala, uma sala escura e úmida.

Pensei, pensei muito na minha casa, casa luxuosa e opulenta, repleta de jardins, pássaros, dinheiro... cheguei a me perguntar o que estava fazendo nesta casa que mais parecia um cortiço.

A razão de ter saído e casa, da minha cidade, pegar carona na estrada e dormir em casa de estranhos, não podia ser uma aventura, nunca fui disso, mas uma forte desilusão amorosa que me levou a fazer esta loucura. Amei demais e não fui correspondida como devia...Estava perdida, confusa, triste, triste, tão triste que nem chorava.

No dia seguinte acordei com beijos e abraços, era o Luis, ele me beijava com vontade, então me esqueci da vida lá fora e ali na sala úmida realizei a minha primeira experiência sexual com um homem que mal conhecia.... me deixei levar...

Deixei a pensão neste mesmo dia e fui para um hotel parecido com minha casa. Era bonito e luxuoso. Ali não havia perigo.

Passaram os dias, um mais confuso que o outro, minha mente já nem tinha vontade de pensar, quando bateram na porta abri e comecei chorar ao ver na minha frente o homem que amei. Ele estava mais lindo que nunca e era a primeira vez que eu chorava depois que saí de casa. Ele sorriu:

- Doida! – disse Marcos me abraçando. - Onde já se viu sair de casa assim?

Eu não falava, não tinha voz, soluçava apenas. E assim fiquei, acho que

desmaiei nos braços dele.

Acordei em minha casa.Conversei com meus pais, contei tudo o que se passou. Eles ficaram nervosos, papai quase teve um ataque cardíaco e mamãe ficou com os olhos em chama. Confesso que tive medo.

Não vi mais o Marcos...

Dias depois fiquei sabendo que ele ia se casar. Diante disso minhas pernas começaram a tremer. Fui ao jardim, ajoelhei-me em posição de oração...

Meu corpo caiu sobre a grama, minha alma, dele, fugiu.

Quem escreve aqui é meu espírito!

Kátia Susana Perujo.

Susy
Enviado por Susy em 24/06/2006
Código do texto: T181614