Máscaras

Coloco a máscara de Pierrô e saio como quem não quer nada, apenas para ouvir as músicas do carnaval, ver os blocos de sujos, sem receio de encontrar Colombinas que possam perturbar a paz de um quase folião. As máscaras exercem um fascínio teatral, transformando pessoas tímidas em foliões exaltados, o que não se ajusta a este caso, onde a máscara torna a pessoa apenas mais anônima, possibilitando a apreciação de detalhes fotográficos, que necessitam de uma parada para adequar o foco; sem a máscara seria como um passante, mais interessado em pegar uma condução, já atrasado para o trabalho. Como impressionam bem as máscaras venezianas, que dão um toque de classe ao portador, mas, que na realidade não disfarçam a fisionomia; como nos filmes de Zorro, que independente do artista que usa a fina máscara negra, o herói pode ser reconhecido por todos, exceto pelos estúpidos que fazem os demais papéis, incluídas aqui, as belas damas apaixonadas pelo mascarado. Um compositor popular carioca compôs uma música de carnaval chamada “máscara negra” e que fez tanto sucesso nas paradas carnavalescas; salvo engano, foi Zé Kéti, um cantor popular cheio de bossas. Voltando às máscaras, não me refiro àquelas de caveiras, lobisomens, ursos etc que encobrem totalmente a cabeça e são desconfortáveis; a bem da verdade, nunca usei máscaras de carnaval; hoje, as máscaras perderam o romantismo com as facilidades técnicas e uso de materiais sintéticos, que podem reproduzir qualquer fisionomia, como Nixon, Bush I e Bush II e outras inconseqüentes figuras internacionais festejados pela mídia.