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O HOMEM DA SAUDADE...


Passava horas na sacada, solitariamente pensativo e triste. Tinha uma saudade traduzida no olhar. Entre um suspiro e uma espera, seguiam vazias as horas do homem.

Era comum vê-lo ali, naquele mundo cujo tempo havia estacionado no exato momento escolhido por ele, onde certamente acreditava ter sido a perfeição de seus dias. O tempo em que viveu ao lado da mulher amada. O único amor que provara verdadeiramente.

Incansavelmente contemplava o céu com suas estrelas reluzentemente belas, cujos brilhos traziam bem mais perto a luz do amor que se permitiu perder.

A Lua, inconsolada por testemunhar tamanha dor e incomodada pelo silêncio do homem, ela que era detentora de palavras magicamente apaixonadas e poéticas, disse-lhe:

- Homem, o que esperas? Que fazes dia após dia a contemplar o Universo com esse olhar de que tudo vê e nada tem?

Ele que, apesar da expressão distante e perdida, conservava no semblante um tênue ar de esperança, respondeu:

- Se fosse somente pela razão, cara Lua, não esperaria mais coisa alguma. Mas, como quem insiste em esperar é meu incansável coração, tenho confiança de que ela, a minha amada, venha para mim...

A Lua quase pôde ver uma luminosidade na face e nos olhos do homem quando mencionada a mulher amada. Então, ela suspirou ao homem:

-Ah... Já faz tanto tempo que ela se foi, ou melhor, que tu  deixaste de amá-la, meu amigo...

- Não e não! Eu nunca deixei de amá-la, nem um minuto sequer desde o dia em que nos separamos. O meu amor ainda é dela. Eu só não soube conservá-la comigo... – Explanou o homem.

Após proferir aquelas palavras presas por muito tempo na garganta e na alma, a Lua percebeu nos olhos do amigo homem o brilho de mil estrelas apaixonadas luzindo nas lágrimas que brotavam do coração saudoso.

Diante daquela visão, a Lua ficou envolvida em névoa de compaixão pelo casal separado. A Lua comovida pelo sofrimento da mulher que foi abandonada e pela ausência de coragem do homem, sentiu que precisava agir para tentar ajudar duas vidas repletas de paixão.

Lua e homem emudeceram em melancolia. O silêncio tomou conta da sacada onde o homem aguardava e aguardava numa espera infinita e inútil. De repente a Lua aproveitou um tempo em que nuvens encobriam sua boa educação e gritou:

- Homem tolo! Desistir do amor não é uma atitude digna! Não sabes que o amor é o maior e mais nobre dos sentimentos? Do amor não se desiste e nem se pode viver sem! Viva o hoje amando para que o amanhã possa usufruir da companhia dele e das boas lembranças passadas. Olhe para si, homem cheio de saudade e me responda se valeu não ter lutado pelo seu grande amor? Não creio! Vives só dentro de si. Podes estar rodeado de mil queridos, mas a pessoa amada era a única capaz de lhe preencher o dia e a vida de alegria...

Surpreso com o destempero da tão amável Lua, o homem atentou para cada palavra pronunciada por ela.Compreendeu bem que se fizeram necessárias aquelas frases enérgicas da amiga celeste. Sim! O homem assimilou bem o recado cheio de verdades iluminadas.

Ele entendeu o grande erro que havia cometido. Além de fazer a mulher amada sofrer, também sofrera diuturnamente por longas datas. Bem melhor seria ter sofrido ao lado do seu  grande amor! Pois, ao menos um secaria a lágrima do outro e seguir retirando os espinhos dos caminhos ainda é bem menos doloroso do que viver dias frios de solidão.

Se o homem reencontrou a mulher amada a Lua não me contou... Mas, eu sei que ele, depois da sacudida dada pela Lua, vive a alertar aos enamorados a não desistirem de seu grande amor por medo, covardia ou insegurança. O homem aprendeu a lição.

Como aquele homem, eu também aprendi que o amor quando forte é graça divina descida do céu, não devemos deixá-lo escapar. E que o amor não é feito a Lua com suas fases. Não. Amor não vem e vai. Amor permanece porque ele é certeza e garantia de uma vida inteira de eternos momentos de êxtase.