O FÉRETRO EM BIELINSKI

A manhã espaireceu a névoa que cobriu a noite de Bielinski, cidade ao sul, do pólo norte, na remota Finlândia.

As folhas secas pelo chão, árvores desnudas, e o sol gélido, eram os quadros que mostravam que o outono terminara e que o inverno aproximava-se.

Pouco a pouco depois de expiar de suas moradias todos os habitantes foram em direção às ruas em volta da praça, e esta cercada de casas, que faziam um quadrado de onde saíam 4 ruas, mas que a duas quadras terminavam.

Os nórdicos têm por costume serem silenciosos, falarem pouco, e por certo a chegada do coche fúnebre surpreendeu a todos...

Entreolharam-se por momentos, e cada um em silencio ouviu dentro de si, a marcha fúnebre Opus 35 de Chopin, enquanto lentamente, o negro veículo com 2 corcéis também negros, desfilavam, levando a extinta criatura ao campo santo.

Os cristãos faziam o nome do pai, ao passar do coche, que a retaguarda trazia o caixão e a dirigir uma figura sinistra que jamais haviam visto ali.

Seguiram-se longos minutos, de momentos em momentos, o coche parava, e o olhar do condutor, sobrevoava a multidão, como a querer reconhecer alguma coisa...

O expresso da manhã apitou ao longe, e por certo nele estava e ficaria na estação de Bielinski, o Prefeito vindo da capital, e como prometeu a todos traria novidades, mas muitos já se preocupavam com surpresa que teria ao desembarcar em pleno féretro.

Agora ao lado da praça, o coche estava estacionado, e a especulação era exatamente esta, se estavam esperando o prefeito, para dirigirem-se ao campo santo para as encomendações finais do cadáver.

Mas a locomotiva mais uma vez apitou nas cercanias da cidade e não parou, seguiu viagem, e quando isto acontecia era óbvio que não haviam passageiros para deixar na cidade.

A multidão, não via mais o sinistro condutor, que se recolheu a uma repartição, localizada logo atrás do banco do condutor.

O silencio era absoluto, ao meio dia, enquanto uns iam almoçar outros ficaram na vigília do veículo fúnebre.

O pouco que puderam saber é o que seus olhos viam que havia um longo e negro caixão na retaguarda do coche.

O próximo expresso era as 02h30min da tarde, e com certeza o mistério haveria de ser revelado pelo prefeito ou por parentes do extinto, vindos de outra cidade.

Um detalhe punha mantos ainda mais negros sobre tudo, o caixão negro trazia a bandeira de Bielinski sobre ele, mas por quê?

As 02h36min estacionaram a locomotiva, na estação e com ela mais dois vagões.

No primeiro vagão o prefeito e sua comitiva, no outro vagão, uma banda de musica...

Quando todos já haviam desembarcado, seguiu-se a comitiva animadamente sob a banda musical, até a praça, e solenemente, o prefeito entregou a população local, o primeiro coche fúnebre, completamente equipado, inclusive com caixão e um condutor especializado vindo direto da capital.

xxeasxx

Obs : Coche fúnebre - Veículo oficial para condução de corpos para sepultamente, usado antigamente.

Bielinski - Cidade ficticia

Obra de ficção sem conotação com a realidade.

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 09/12/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1969292
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.