HISTÓRIA DE MEDO E DE FANTASMAS (PARTE IV)

          Nesta altura da sessão, o doutor Sócrates então perguntou-lhe: - Joe, isso não incomoda-lhe, brincar com os sentimentos das pessoas? Joe então respondeu-lhe: -ora doutor, o divertimento é este! Além do mais elas não são tão ingênuas assim. Como eu disse antes, existem aquelas safadinhas, devassas, essas são sensacionais. Eu as amo. E no fundo no fundo elas sabem das minhas intensões. E digo mais doutor, elas topam, e como topam! Quando percebem já estão envolvidas no joguinho das palavras. O que eu digo e escrevo está lá, impresso, são coisas e conselhos que facilmente influenciam, são coisas do dia a dia, basta uma oportunidade e então já estou lá dentro, interagindo. É uma via de mão dupla, eu, elas, nós! Quando escolho uma, e sei que posso investir, então caio pesado, vou em cima de seus pontos fracos, todos nós possuimos um não é mesmo doutor? Então fortaleço minhas ações cada vez mais diretamente neste ponto, não precisa de palavras rebuscadas nem de poesia nenhuma, quando muito algumas letras de músicas, só as idéias, e isso é o que fica, poesia é pra se admirar, cantada é pra se recusar ou aceitar, o resto é perfumaria.
          Terminada aquela sessão, Joe se retirou e o doutor Sócrates passou a analisar as falas e os conceitos trabalhados naquela tarde por seu paciente. Talvez, pensou o ilustre psicanalista, estivesse diante do que poderia ser chamado de psicastenia, ou seja, uma espécie de fraquesa intelectual, uma psicose cujas características eram de fases de medo e ansiedade, uma espécie de obsessões, idéias fixas, algo assim como uma convergência de emoção e depressão. Precisaria de mais tempo para descobrir. Joe seria um indivíduo psicastênico?
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 25/01/2010
Reeditado em 19/12/2020
Código do texto: T2050991
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