O SONHO

Era um enigma. Era ele fora de seu corpo assistindo a própria vida, distante. Parecia uma coisa tão real que confundia os velhos conceitos de lógica que habitavam a cabeça daquele homem. Os problemas já não eram mais dele, e sua vida era leve como uma pena... sua vida era uma pena, pena que não tinha tanta certeza, pena que flutuava em ritmo de dança pelo ar. Apesar de ser incerto, era bom... apesar de ser um sonho, era real. E sonhos são assim mesmo, contradizem a realidade e a si próprios. Quem disse que deveria haver nexo em um conto da imaginação... não existem pontos, nem vírgulas, nem tempos certos... o homem apenas respirava, sem preocupar-se com regras e normas... agora ele era um peixe, nadava sem direção, em direção ao nada. Nada. Nada o preocupava, não precisava nem mesmo de ar. Por ventura, uma que outra pergunta surgia em sua cabeça, mas ele lembrava que nos sonhos as perguntas devem ser esquecidas. Percebemos que havia muito pensamento para um sonho... mas era muito, muito real, tanto que o homem não sabia se não estava sonhando quando estava acordado... e a vida acontecesse, na verdade, enquanto dormia. Esse é o paraíso? Ou apenas loucura? Mais perguntas sem resposta... mais frases sem sentido... chega de sonhar, preciso acordar para mais um pesadelo e ir pro trabalho. O controle era dele, aquelas cores vivas e vibrantes poderiam ser seu café da manhã todos os dias. Para quê acordar se posso ficar aqui dormindo?! Talvez eu precise viver o pesadelo pra saber que há um sonho maior, ou paraíso, ou loucura... vida paralela, o outro lado da janela... como saberia o que é o bem se não conhecesse o mal? Como poderia eu, um simples homem, saber do fim sem nem ter chegado ao meio? E ele desperta sem abrir os olhos.

Alex Steinhorst
Enviado por Alex Steinhorst em 13/08/2006
Reeditado em 13/08/2006
Código do texto: T215620