Um jeito próprio de se mOstrar

Relatividades a parte, ele tinha aparência de ser um homem, além, de visual, no início. Afetuoso e bem disposto a tudo, típico do momento conquista. Tudo é lindo, tudo pode... Nada é alguma coisa...

Enfim, o tempo foi passando, e as aparências também...

É tanto céu

Onde passeiam as nuvens

Não tem fim

Não tem começo

Não tem parada

Não tem ida

Nem chegada

Essa imensidão onde vai dar?

Nem o olhar mais profundo consegue enxergar.

Se seus ouvidos estivem abertos para escutar, Núbia teria prestado mais atenção. Teve até quem alertou. Ele procura por uma mulher para assumir o papel de mãe dos filhos dele. Não procura por uma companheira, para compartilhar o bater forte do coração com a chegada da paixão. Aliás, nem com a saída ele conseguia lidar...

Talvez, por medo da partida, medo de ser deixado, medo da perda. Mesmo sabendo que ela não lhe pertencia. Aliás, nada! Nada com muito apego ou medo dura.

No fundo ele tinha muito receio que Núbia saísse rumo a novos horizontes. Já que ele não decidia, se ia ou se ficava. Insistente, tentou três vezes. Até que ela reforçou para que a posição dele fosse definitiva.

Bem, o fato é que Núbia percebeu que ela não passava de um cabide, onde ele dependurava todo seu exagerado conflito consigo mesmo. Hora por conta dos filhos. Hora por não saber lidar com vínculo, e com as oscilações de viver juntos, e de ter que enfrentar as baixas, médias e altas freqüências e temperaturas do cotidiano.

Não que ela fosse chata, que no geral, é o que detona os relacionamentos, a chatice! Pelo contrário, Núbia era leve, segura de si. Bem humorada e divertida. Tinham sexo erótico na medida. Ela não pegava no pé, não tinha ciúme de enlouquecer, não era grude... Deixava até a vontade demais. Tinha sua própria visão, confiava em si mesma, neste aspecto pelo menos.

Bem, melhor terminar por aqui... Num final de tarde de domingo, Heitor quis conversar. Aquele papo que homem não suporta. Chamou Núbia para falar da relação. Coisa rara!

Explicou sua posição, fez drama, soltou suspiros, se emocionou... E ela ali, quieta, até ele terminar toda sua fala.

Depois de tudo dito, ela respondeu: se você precisa de alguém que te complete, se você precisa de alguém com você, para se tornar ou se sentir uma pessoa inteira. Então, você tem um problema consigo mesmo para resolver, e eu não posso fazer nada.

Não posso se quer tentar facilitar a descoberta daquilo que você precisa vasculhar em si mesmo. Esse processo é seu, individual e talvez solitário. E você pode até por um tempo se manter ao lado de alguém nestas condições. Porém, juntos, sinceramente, você não vai conseguir. Não vai conseguir mesmo!

Por que o amor gosta de luz, o amor gosta de portas e janelas abertas. Gosta de alegria, de diversão, de cumplicidade, de companheirismo, de insensatez, de dedicação, de discussão. O amor gostar de caminhar... Para acontecer, ele tem que nascer, tem que crescer, tem que se acomodar e tem que se movimentar. Claro! Se a gente quiser, se a gente deixar!

É como mastigar bem, antes de engolir. Quanto mais tempo, melhor!

- Para quem mastiga, engole e sente o gosto do que ingeriu. Entendeu?

*Vínculo de qualidade duvidosa se encontra aos montes por aí afora. Virtual, casual, até romanceado ou erótico... Faça sua escolha!

Só não deixe de aventurar, viver!

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2651610