O Dilema da Esfinge

Ele seguia seu caminho com tranquilidade, olhando sempre pra frente e visando seu objetivo. Ao atravessar a última passagem das ruínas chegara numa ampla sala, lá estava seu último desafio para aquela jornada.

"Uma mulher... Por que a mulher instiga esse medo tão excitante?"; ele pensara? Talvez tenha sido algum de seus muitos fantasmas.

O torso feminino e curvilíneo era bem definido, as patas bestiais no lugar das mãos (que possuíam polegares opositores) e pés davam um ar ferino único, o cabelo volumoso ao mesmo tempo que sedoso (quase uma enorme juba onipotente) apenas a deixava mais sensual. Seus olhares demonstravam inquietação repentina e o leve balançar da calda confirmava isso.

Estava deitada e a pouco dormia, a tempos não recebia uma visita. Ergueu-se num espreguiço de quatro patas e bocejou um ronronar tranquilo. Sentou e sussurou para o jovem invasor:

- Decifra-me ou devoro-te...

O explorador apenas continuou seu caminho, pareceu nem ter a visto e sussurrou quase da mesma forma em resposta, mas com ares de como se estivesse apenas falando consigo:

- Degusta-me ou ignoro-te...

A esfinge sorriu. Deitou-se novamente fechando os olhos. Estava feliz. Voltara a dormir. Por um segundo chegou a pensar em seguir aquela criatura curiosa, a primeira que conhecia e não se tornava uma de suas vítimas.

Enquanto isso o jovem passava por ela e continuava seu caminho com passos determinados por dentre aquelas misteriosas ruínas...