O ponto máximo da questão

Segurei o cabresto do meu cavalo e mergulhei com ele ao encontro do vento. Tinha que transpassar o tempo naquele dia, procurando por uma resposta do outro lado do muro.Quando o cavalo parou, o vento cresceu mais violento e o muro esperava descansando calmo e silencioso.

Pequenos pedaços de vidro caiam na forma de uma chuva cacheada e colorida. O prisma da chuva espectrográfica não podia arruinar meu chapéu. Eu sabia que teria de alcançar o topo do muro e encontrar meu coração, os vidros caiam para mante-lo frio.

Os pequenos pedaços de vidro como o gelo derreteriam se encontrassem algo morno enternecido.

Antes de sair de casa, senti a pobresa do povo num canal de TV. O noticiario de hoje teceu novas melodias sobre arranjos da guerra nuclear. Ouvimos isso há mais de cinquenta, nunca se torna definitivamente proibida. Nunca tem um fim! Eis a primeira dor do homem.

Uma cantora chorava um homem, com um circulo em sua volta. Perdera o dela por um nada. Uma briga besta e pronto. Ficara só. Eis a dor da mulher, condenada a viver sem o amor.

Pensei:

"- Será que sou duro em meus pensamentos?"

Saí e fui ao estábulo, selei o cavalo e corri.

Aqui me encontro em frente ao muro. O muro é feito de vapor, um vapor especial duro como ferro, negro como os cascos do cavalo.

Um homem sentado ao lado de uma fogueira olha sua mão constantemente. Primeiro ele olha sua mão esquerda, dos pulsos até as unhas e então vira o lado de dentro da mão, para poder olhar fixo o centro dela, o grande M para ser mais exato.

Cheguei perto e perguntei:

"- Está a praticar necromancia?"

Adicionei uma pergunta interna ao meu pensamento:

"-Será que está louco?"

Ouvi o riso em sua resposta:

"- Ra. Ra, ra, ra, você me faz cocegas. Seu amor interior derreteu? Sumiu? Ou está se lembrando corroido em preocupações, porque Elisabeth I matou Mary, a rainha dos escoceses injustamente. Vejo que se desespera sobre a guerra nuclear. Confusões amorosas e probesa do povo..."

Me lembrei rápido de minha partida, muito distante, lá estava eu e o meu cavalo. A silhueta um ponto no meio da poeira. Perguntei então a êle meio envergonhado de te-lo visto como um louco:

"-Então agora o Sr. também lê pensamentos dos outros?"

Ele me jogou um parafuso. Vi o objeto de metal enferrujado desaparecer em algum lugar do muro.

Certa feita ouvi um poeta cubano cantar sobre a eternidade do amor, e sua veracidade.

"- Existe algo de real nas palavras?" Perguntei.

Ele respondeu:

"-Deve haver. Você descobrirá isto em você mesmo. Eu entendo de fogueiras e como acende-las, também como jogar areia e apaga-las."

Olhei para ele e disse:

"-Eu penso que a linguagem de Deus está escrita no fogo."

Me chamou dizendo:

"- Venha cá, veja, a criança e o Unicornio. Olhe bem o centro de minha mão."

Este texto foi escrito no inicio dos anos 80 tendia mais ao realismo fantastico já indo para fantasia.

angela nadjaberg ceschim oiticica
Enviado por angela nadjaberg ceschim oiticica em 08/12/2006
Reeditado em 12/05/2008
Código do texto: T312552
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