Saída de emergência

O tom desenfreado deste lugar me causava calafrios. Bebidas espalhadas pelas mesas eram a atração da noite. Fugi, sumi e parti para o novo que agora era meu único alimento de tamanha desigualdade. Jamais pensei frequentar um lugar desses onde o amor morria e era tragado em uma dose forte alcoólica que alimentava os pulmões já vazios. O carimbo do ambiente me fatigava convidando a minha pequena ilustre alma a entrar, mal sabia eu que aquilo era uma saída de todos os tormentos que até ali eu os carregava sombrios com o meu calcanhar afugentado das ruas de pedra. "Era apenas um pequeno estabelecimento em uma vasta rua, não há nada para temer", pensei. O abrigo me cobria de desejos inóspitos que entravam em uma guerra profunda com meu coração. Era um bar qualquer, onde as mágoas não tinham vez.

-É aqui o ponto perdido em que se encontram os velhos que se afogam com o amor? -Velho rapaz em cor púrpura, porque falas algo que não lhe cabe em mente?

-Talvez. -Mais um gole daquele líquido que me queimava arduamente, e as palavras saltavam sem comando.

-Não parece ser do tipo que frequenta bares em uma noite tão fria como esta. Esse é o seu último recurso? -Ele insistia em um papo que gostara de me cortar aos poucos. Realidade maldita.

-Não, ainda não. -O redor ficava embaçado. -Tenho que prosseguir, continuar sem medo de errar. -A cadeira balançou e meu corpo entrou em deja vu.

-Quem é fraco não merece segunda chance. Jovem, não queira largar tudo e mergulhar em meios que não conhece. Você não sabe nadar.

Era apenas uma voz, um outro lado que tinha medo do futuro e das coisas que poderiam me cegar por completo. Levantei - me daquela mesa e cambaleei até a saída que tinha um convite de afresco do mundo lá fora.

-Para onde vai?

-Longe... Longe de mim.

O bar era a bebida, aquele cara era o amor.

Priscila Czysz
Enviado por Priscila Czysz em 23/12/2011
Reeditado em 22/01/2013
Código do texto: T3402762
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