o tal espelho na tal casa...
Visitei por curiosidade uma casa antiga e abandonada que se situa por cima de casa do meu avó
Entrei com um certo receio
Não sei ao certo bem do quê nem o porque.
Talvez pelo antigo no verdadeiro sentido, pelo abandonado ou talvez por aquela casa ter feito parte da minha infância
Em pequena brincava dentro dela, mas na verdade já desde esse tempo que aquela casa me mete um certo receio
Talvez por ouvir barulho dentro dela enquanto vazia
Ouvia paços.
Estranho?
De certo modo o é.
Mas já pensei que podia ser fruto da minha imaginação,
mas mesmo ainda hoje há uma certa barreira com essa casa que não me deixa ir mais alem da entrada.
E mais uma vez não consegui cortar a barreira que por algo me era imposta
Fiquei me então por ali mesmo
Entrei…
Senti um arrepio mas não abandonei o solo onde tinha pousado à momentos.
Olhei ao meu redor…
Como algo estava diferente.
A pouca luz que havia já na etapa da minha infância ainda habitava lá,
As paredes encontravam se agora mais descascadas
Mais abandonadas…
Olhei para o lado esquerdo e reparei num espelho que lá se encontrava
Nunca tinha reparado nele…
Ou talvez até já tivesse reparado mas agora a minha memória não me permite decifrar o passado
Quem sabe se já ele não fez parte das minhas brincadeiras de criança…
Tinha a maquina comigo
Era um dos meus objectivos…
Tirar fotografias a tal casa…
Não perdi tempo a mirar me nesse tal espelho
Mas fiquei parada uns certos segundos a mira-lo
Pensei como será que ele reage ao sentir o tempo passar por ele,
Ao ver o tempo passar diante do seu vidro reflector,
Ao assistir ao passar da vida
Pensei…
Mas as respostas não chegaram
Senti então de novo um arrepio na espinha
Algo me fez acordar dos pensamentos
Estremeci…
Peguei então na máquina e fiz pontaria ao alvo que estava destinado na minha visão
Disparei, ouvi o barulho do obturador a obter uma imagem que agora ali me tinha feito pensar
Olhei em redor e tirei mais algumas fotografias
Cada uma com um significado vivido no momento!
Mas o tal espelho que me fez ficar parada e enerta a algum movimento
ficou gravado na minha memória mais que outra imagem tirada nesta casa
Estranho?
Talvez…
Mas o que é a vida se não estranha?