solidão

Solidão – 1

Naquela tarde, Natalie se refugiara novamente em sua velha casinha.

Com as mãos trêmulas acendera sua fornalha para aquecer o jantar. A fumaça fizera com que rolassem algumas lágrimas por sua face enrugada...

Vivia só por longos anos. Após a morte de seu irmão, a dor, a tristeza e a solidão estamparam em seu rosto. A dor de estar só era torturante. Dedicou sua vida inteiramente à caridade e aos cuidados que não poderia jamais dispensar à sua adorada avó e ao irmão.

Agora estava ali, só e meditando a vida sentada em seu velho fogão à lenha: tanto tempo passou e nem sequer pensou em si mesma, diante da velhice que se apossou de seu corpo cansado, foi que Natalie percebeu sua torturante solidão.

Tudo poderia ser diferente, ela poderia estar casada com aquele fotógrafo carioca, ter filhos e ser muito feliz. Porém, ela não teve forças para lutar, vencer os preconceitos familiares e os atritos com o irmão.

Foram muitas as noites em que passara acordada em conseqüência à doença de sua avó já falecida. Muitos foram os dias em que trabalhara arduamente para garantir o pão de cada dia, pois seu único irmão era um bêbado inveterado.

Quando criança, Natalie perdeu o pai tragicamente, pouco tempo depois perdeu a mãe acometida de uma grave doença. Assim, foi morar com a avó.

Sua vida não era nada fácil! Cuidar da avó que vivia sob o efeito de medicamentos e ainda ter que aturar o irmão bêbado...

Às vezes buscava lenha para vender, o pouco que ganhava dava para comprar alguns mantimentos. Raramente, comprava carne para cozinhar com mandioca.

Certa vez, Natalie economizou algum dinheiro para comprar um vestido novo para a “Festa de Divino”. Seu vestido de domingo já estava gasto e desbotado.

Justamente no dia que compraria o tecido para o vestido novo, sua avó passou mal e, lá se foram suas economias. Renunciou ao vestido, foi até a farmácia onde comprou os medicamentos que sua avó tanto necessitava.

No domingo todas as suas amigas estreavam seus vestidos rendados...

Natalie ficou quieta num canto acabrunhada... Estava triste, porque não tinha um vestido novo e, só, devido a sua timidez quase não tinha amigas.

Cida Rios
Enviado por Cida Rios em 04/02/2012
Código do texto: T3480775
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