Enquanto Evelin dormia-parte vinte e tres

Enquanto Evelin dormia-parte vinte e três

Acabo de recobrar a consciência.Não sinto mais nenhuma dor,sinto que a estaca foi retirada. Gotas de sangue escorrem para minha boca e eu as sugo com avidez.Permaneço de olhos fechados saboreando o momento e acho que isso preocupa Evelin,pois sou sacudido com força.Abro os olhos e ela sorri feliz,ao mesmo tempo em que afasta de minha boca a mão na qual fez um corte.Quero protestar mas sei que se eu continuar sugando seu sangue as coisas vão ficar bem complicadas.Esfuziante ela narra seu desespero ao imaginar-me morto ,de como tremia ao retirar a estaca e de quase ter desmaiado ao cortar a mão.Acompanho com atenção seu relato enquanto penso no quanto sou um sujeito de sorte.Atravessei séculos inteiros,mas enfim encontrei minha alma gêmea. Minha amada continuou a tagarelar ainda algum tempo e depois eu a calei com um profundo beijo. A felicidade de estarmos bem e juntos,foi substituída pela certeza de que tínhamos que sair dali,por isso tornei-me invisível e já do lado de fora consegui desobstruir a entrada da caverna.Uma chuva fininha começou a cair nesse momento e o choque com a água fria fez com que Evelin despertasse.Vovó Mirtra nos aguardava ansiosa e não foi nenhuma surpresa ver em suas mãos um balde com um resto de água. Através das cortinas percebi que o dia estava amanhecendo.Esse sonho de Evelin foi bem mais longo que os outros e uma dúvida surgiu em minha mente: Por que vovó Mirtra demorou tanto para despertar a neta? (Fim da vigésima terceira parte)