Hunio, o calmo

A sala estava repleta de objetos de cozinha e armamentos dando a impressão de ter sido aquele lugar um refúgio de soldados. As paredes de pedras eram sujas e desbotadas, esburacadas em alguns pontos e cheia de teias de aranha, dando a impressão de ter sido revestido de lodo e barro e que secou com o tempo.

Hunio observou entre os objetos deixados ali, uma velha espada. Ele retirou um lenço do seu alforje limpou a arma, pois estava toda empoeirada. Um leve brilho bronzeado e a brancura do cabo denunciavam o material de que era feito. Pelo estilo e cor de Âmbar da espada Hunio pode perceber que se tratava de um artefato Persa. A espada tinha dois cortes afiadíssimos e um formato de meia-lua. Próximo ao cabo de, todo de marfim, possuía um guarda-mão. Típico das espadas árabes.

O seu peso era aproximadamente um quilo e meio. Talvez um pouco pesada, porém era uma arma muito poderosa.

Hunio colocou a espada em uma bainha que levava nas costas, imaginou que seria útil uma hora qualquer.

Continuou a explorar o lugar.

A sala era formada por quatro paredes feitas de pedras, empilhadas e lavradas de um modo tão preciso que entre uma pedra e outra não passaria a lâmina de uma faca.

O chão era plano e também feito de pedras, mas estas eram lisas e polidas. E no teto um forro de madeira.

Ao adentrar a sala Hunio, o Calmo, acendeu um lampião velho que encontrou sobre a mesa. As chamas trêmulas projetavam umas sombras cônicas dos objetos sobre as paredes foscas.

A velha sala fazia parte de uma das torres mais altas do castelo. Não era muito grande, mas ali caberiam tranquilamente sete ou oito soldados e de suas janelas, arranjadas estrategicamente, poderiam atingir a flechadas, os inimigos que vierem pelo portão principal.

Hunio vestia uma calça de couro revestida nas coxas com peles de carneiro. Nos ombros largos, uma espécie de couraça costurada à mão, dando a impressão de uma armadura, para quem vê de longe. Por baixo dessa armadura de couro nosso herói traja camisas simples de algodão e tingidas de ocre.

Usa um imponente chapéu de couro com uma pena de pavão na aba. E vários outros apetrechos espalhados pelo corpo como: seu alforje, facas, objetos de expedição e a espada recém-capturada.

Como todos os descendentes dos Hunos, Hunio tinha dois metros e dez de altura e ostentava uma massa de noventa e oito quilos.

Com seus vinte e nove anos de idade, apesar dos ombros largos, aparentava ser um menino. Um menino crescido.

Os cabelos que o chapéu não conseguia esconder pendiam em grandes madeixas ruivas, escorridas pelas costas. As chamas da vela faziam tremeluzir pequenos fachos aqui e ali.

Barba bem feita, pele morena clara contrastava com os olhos de um verde vívido.

Hunio ainda não estava precisamente onde queria estar, mas a julgar pelo lugar e pelo fato de ter deixado o inimigo dois dias atrás de si, aquele era um bom lugar para passar a noite.

Após adentrar a sala Hunio fecha a porta atrás de si. Caminha até a janela e observa o ambiente lá fora, imaginando uma possível rota de fuga.

Pelos seus cálculos a corda que leva, dava exatamente para descer pela janela.

Ao sentar em uma das cadeiras da sala nosso herói observou que as cortinas velhas e rasgadas balançavam lentamente, assim como as chamas do lampião pendiam para o mesmo lado fazendo Hunio crer que uma corrente de vento passasse por ali.

Ao anoitecer Hunio desfez o seu alforje de apetrechos e acomodou-se num dos cantos da sala. Teria dois dias exatos antes que a comitiva de Zaiom alcançasse o castelo e talvez duas horas depois disso até que encontrassem a sala.

(comentem)

Sr Marx
Enviado por Sr Marx em 30/05/2012
Reeditado em 30/05/2012
Código do texto: T3695535
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