Os Filhos De Araendys. - 01

Templos, edifícios, pedaços de um palacete desmoronado, corroído pelo tempo. Contrastando com o esplendor do oceano que explodia nas rochas ao lado. E uma pequena garota se via sendo levada por pessoas estranhas, arrastada do terror que acometia sobre o lugar.

- Venha menina! A segurança que encontramos aqui assim que chegamos não existe mais. Insistir em sua teimosia é se guiar pela morte.

Ela entendia aquelas palavras. O que ela não entendia era ter que deixar seus pais para trás. Não compreendia a fúria do mundo, que agora se abatia sobre a sua própria. Ela que não era ninguém. Só mais uma pessoa que espiava em um mundo onde loucos cheios de rancor tinham acesso à armas e projetavam sua ira sobre o mundo. Será que já não tinham sofrido o suficiente?

Durante a história daquela humanidade as armas tinham surgido e se misturava à história daquele povo, que já não eram capazes de se imaginar sem elas. Não conseguiam sequer visualizar um mundo onde a vida poderia seguir seu rumo entre os cotidianos das grandes verdades e pequenos acontecimentos, sem as armas! Já não tinham alcançado conhecimento suficiente que pudesse proporcionar o desaparecimento de todas?

Seus pais eram levados, arrancados da vida, para outro lugar. À sua volta lhe falavam que eles tinham ido para um lugar melhor, mais calmo, onde não havia a guerra. Mas nenhuma daquelas palavras amenizava o que ela sentia, uma dor. De um tipo que não se pode identificar.

- Vamos garota! Ninguém vai te esperar. Se quer morrer, faça sozinha! - Falava um homem impaciente, tentando salvar a vida dos próprios filhos que o seguiam apressadamente.

Mas a mão generosa de uma mulher forte e gorda não deixou que ela se perdesse no mesmo triste destino.

Aquele grupo escapava de outro, que avançava destruindo tudo o que encontravam. Eram mercenários que haviam se reunido sob um novo líder. Tinham fome de sangue inocente. Sentiam-se poderosos e combatentes, mas eram covardes, apenas.

Espalhavam o medo por aquele mundo, que aparentemente se perdia numa densa neblina de escuridão. As mais diferentes criaturas que povoavam aquele reino se uniam aos humanos. Aguardavam o dia em que pudessem novamente ter paz. Pois na paz é possível desenvolver as habilidades sutis que elevam. A paz é um sentimento maravilhoso de plenitude. Algo que já quase esqueciam. Sabiam ainda esperar. Mas, aguardar era realmente o suficiente?

Gregório Borges
Enviado por Gregório Borges em 13/06/2012
Reeditado em 03/07/2012
Código do texto: T3722411
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